segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Permita-se ser imperfeita!!



Esse texto foi-me enviado por e-mail por uma amiga. Creio que, em algum momento nestes últimos dois anos, eu lembrei que sou apenas uma mera mortal. E acreditem, é a mais pura verdade!

"'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!

E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.

Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.
Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros...

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.

Você é, humildemente, uma mulher.

E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.

Tempo para fazer nada .

Tempo para fazer tudo .

Tempo para dançar sozinha na sala .

Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

Tempo para sumir dois dias com seu amor.

Três dias..

Cinco dias!

Tempo para uma massagem...

Tempo para ver a novela.

Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

Tempo para fazer um trabalho voluntário.

Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.

Tempo para conhecer outras pessoas.

Voltar a estudar.

Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

Existir, a que será que se destina?

Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!

Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante".

Martha Medeiros - Jornalista e escritora

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A Mágica do Bê-á-Bá.

Imagem retirada de portuguesembadajoz.wordpress.com


Eu ainda fico feito bolha de sabão, quando escuto Sara, os pouquinhos, começar a formar frases e gostos e dizer o que quer e o que não quer...lembro de quando começaram os ruidinhos gostosos de nenén recén nascido (òoo,ùuuu,áaaa), depois os báa,bóo, depois as "conversas" que pareciam cantoria e que ás vezes ela fazia sem parar para respirar(como quando fomos pra Mosqueiro pela primeira vez, e ela colocou os pés na areia, e ficou tomando sol na praia, e quando voltou pra casa,aninhada no colo da tia Carol, contou tooooodddaasss, por mais de quinze minutos), como se estivesse contando uma estória muito engraçada ou tentando dizer o quanto tinha sido bom o dia dela e o quanto de coisas legais ela tinha visto, feito, tudo colorido com aquela risadinha maravilhosa de bebê que a gente não esquece...

As pessoas se preocupam tanto com que idade a criança vai começar a andar, ou falar, que esquecem de curtir esses momentos únicos que eu só posso quardar na mente e no coração!! eu tenho uma vizinha que a bebê dela, até então com 1 ano e quatro meses, não andava, e ela pensava que era "anormal" pra idade dela...quem disse isso pra ela,gente???ainda não tinha andado porque apesar de ela já ter essa idade, ainda não estava preparada, neh? Sara mesmo só andou com 11 meses, só iniciou a "falar" mesmo agora, com 1 ano e 11 meses, e eu não me descabelava por nada disso!!...

Primeiro, ela só emitia sons parecidos com uma palavra, depois imitava as palavras, mas não sabia o que queria dizer, depois foi "conectando" as palavras com a mesma situação ou coisa que ela entende ser pra ela, e a pouco tempo ela começou a formar pequenas frases, tipo:"qué comê", "qué ábua", "tia caol banbanho(tia carol tomando banho)", "pichá com a mini(passear com a minie,nossa cadela)", "cato miau comê(gato quer comer)", "sapato" e a preferida: "qué chuco(suco)", além de "lindo, lindo, qué lindo"(agora tuudo é liindo-as ávores enfeitadas, as luzinhas piscando, um guardanapo de mesa bordado-kkkk).

A cada dia eu fico surpreendida com essa mágica do Bé-a-bá! fico imaginando como é que essa linguagem foi parar na boca do bebê, e fico dando risada sozinha a cada "exposição de vontades" da minha filha! outro dia, eu estava dando banho nela,e um pouco de água caiu nos seus olhos...ela virou pra mim e disse "não faça isso, mamãe!" como se eu tivesse deixado cair água de propósito...quando já está satisfeita, também fala "não qué mais,mamãe" e ás vezes eu prontamente acolho a sugestão, outras eu tento só mais um pouquinho, ás vezes eu coloco pouca comida no prato e ela pede "mais, mamãe" ou outro dia, quando ela falou o "bom dia,mamãe" e já era de noitinha :):):)  

Ai vem aquela sensação gostosa, sabe, a mesma de quando você sente os bracinhos do seu filho ao redor do seu pescoço, te abraçando pela primeira vez?? aquela sensação de aconchego, de querer bem, de que tudo está caminhando, de que tudo está acontecendo no seu tempo, sem pressa, sem furdunço, sem agonia? é isso!...eu adooooro isso!! só as conversas muito longas que ela ainda continua a fazer naquela lingua do "p"- que eu tento, tento, forço a imaginação mas não consigo falar igual ,kkkkkkk- e as gesticulações "enormes de grandes", de quem está vendo um elefante no meio da sala e aquelas caretinhas que me matam de rir, como se algo muito importante estivesse sendo falado com uma urgência danada, logo depois seguidas por uma explosão de risadas que eu não consigo descobrir o motivo...e eu continuo achando o máximo vivenciar essa mágica no dia-a-dia e ter todo o tempo do mundo para vê-la florescer...ah, a mágica do crescimento!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O Filho de Daniel

retirado do Livro de contos "Velas.Por quem?" da escritora paraense Maria Lúcia Medeiros.



"Não bastasse a tempestade que se abateu sobre a cidade naquela noite, o filho de Daniel nasceu pequeno e feio, cheio de dificuldades. Dificuldades pra nascer, pra chorar, pra respirar, dificuldades pra se alimentar.
O melhor vinho do Porto selecionado para brindar à chegada do filho de Daniel quase foi esquecido, tamanha a correria no hospital pra salvar tão frágil criaturinha a necessitar de aparelhos complicados e urgências.
Debruçado sobre o rico berço, Daniel, alto e forte e poderoso, jamais tinha demorado os olhos sobre tão destituído ser.
Aos dois anos de idade o filho de Daniel já abalara sensivelmente a fortuna do pai, tantas eram as viagens internacionais, intercontinentais, as casas de saúde, intermináveis discussões com especialistas em vidas tão frágeis.
Daniel – que a cidade inteira aprendera a admirar como o ganhador imbatível de todas as medalhas, o saltador invicto dos mais difíceis obstáculos, ganhava um filho incapaz de aprender a andar de bicicleta.
O filho de Daniel exigia vigilias cansativas e noites insones. A asma arrebentava-lhe o magro peito, os olhos saltavam e Daniel, desesperado, embalava-o em vão nos braços musculosos, aquecia-lhe em peito tão hirsuto.
Daniel que fizera misérias no time de futebol do colégio, quebrando os adversários com chutes violentos e jogadas mirabolantes, tinha que se contentar em ver o filho interessar-se por futebol de botão, entre tossidas e espirros.
Sensível a quedas, a roxuras, a alergias raras, fácil de ser contaminado, o filho de Daniel era conhecido por sua fraqueza.
A caixa de medalhas conquistadas por Daniel durante toda a sua saudável juventude fora esquecida.
Não havia sentido nenhum em concorrer com a púnica medalha exibida por seu filho: a medalha de ouro maciço, um Anjo da Guarda de compridas asas para melhor voltear, para ser mais rápido e salvar seu protegido nos tantos perigos.
Ver o filho sorrindo parecendo sem sofrimento, Daniel viu uma só vez. Foi quando chamou para sua casa um mágico andarilho, cavanhaque pontiagudo que tirava coelhos da cartola, e sorria com dentes de ouro. Protegido pelos braços do pai, o filho de Daniel acendera olhar tão deslumbrado e batera palmas de tanto contentamento que Daniel andou pensando em aprender mágicas para salvar seu filho.
Pensou e executou. Comprou caixas e livros, comprou cartolas e lenços coloridos enquanto deixava crescer o cavanhaque.
Cada emoção provocada, médicos e enfermeiras entravam apressadamente pela porta da frente.
Benzedeiras, bruxas e videntes serviam-se das portas dos fundos que Daniel não tinha assim tantas opções para ajudar seu filho.
Durou tão pouco o sonho. Um médico circunspecto surpreendeu o coração do filho de Daniel batendo descompassado e, sem magia, receitou doses pequenas de emoção tirando-lhe por fim a fantasia.
Aos oito anos o filho de Daniel descobriu as histórias nos livros.
No princípio sonhou com ladrões e salteadores de estradas. De uma feita quase mata Daniel de susto ao acordar no meio de um pesadelo gritando palavras cabalísticas para ajudar João e Maria a escaparem da bruxa.
Um dia descobriu a história do Pequeno Polegar, herói pequeno e iniciou sem perceber, novo ciclo de viagens em abas de chapéus...
Sarou não sarou de vez e é bom esclarecer. Mas pra quem acompanhou o resto da história do filho de Daniel, muita coisa milagrosamente começou a acontecer.
Ao passarem os dois, pai e filho, a caminho do trabalho já podia ouvir dizer: Lá vai Daniel e seu pai.
E quem ousaria imaginar que a história desse pai e desse filho tivesse sido tramada nos confins da Idade Média, quem?"

 
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Deixo para reflexão...bjss!

domingo, 20 de novembro de 2011

O Dilema da escolha da escola.



Estou ás voltas com um velho dilema: colocar ou não minha filha na escola, aos 2 anos ? E não é fácil! aqui temos escolas (e creches) pra todos os gostos e bolsos. Algumas atendem "emergências" e vocês podem deixar seus babys de 1 mês lá por um curto espaço de tempo, tipo, se você quiser ir ao "shopps" sem ser "incomodada", ou pra ir naquela balada sem nenhuma culpa, pois "tem certeza " de que ele estará bem, ou por periodo integral, pelo simples motivo de que a mãe PRECISA trabalhar.Veja bem, precisa MESMO.

Seria muito bom se eu pudesse parar tudo pra ficar em casa, tratando da nossa filhota. seria muito bom se eu pudesse, finalmente, conseguir uma babá de confiança para que eu pudesse terminar minha segunda pós ou estudar para um outro concurso sem ter que me preocupar com as coisas da casa. Às vezes eu gostaria de ser duas pra dar conta de tudo.E agora, a escolha da escola...

Pensei numa listinha bem básica para perguntar na visita á escola, mas depois da visita sempre surgem novas dúvidas,néh?:

1-Estrutura para os bebês: tem Tv na sala, ar condicionado, piscina por perto(pra MIM, seria não,não e não-fica muito fácil para os cuidadores não fazerem nada de atividades com os bebês)? como são dados  os banhos, é todo mundo junto (meninos e meninas) ou vão cada grupo de meninas/meninos por vez? o local de comilança é junto das crianças maiores?pode levar brinquedo de casa para a escola?como são acondicionados os pertences pessoais?quantas "tias" tema na sala e quantas crianças cada turma tem?

2-Estrutura da escola: se tem "taxa de atraso"pois, tem escola que cobra se você pegar seu filho fora do "expediente deles", não importando se caiu o maior pau d´água, o trânsito ficou uma merda e aquela temida rotatória tá u ò pra você passar dela, ocasionado pelo menos mais meia hora até você chegar na escola, se deixam você ficar com seu filhote na primeira semana, para adaptação do seu pequenino tesouro, se tem local reservado ou não pra você amamentar(caso o esteja), como é a sala de brincadeiras?como é a sala de cochilo?tem área verde dentro da escola? tem bastante espaço para atividades?tem alguma atividade extracurricular? você pode entrar em contato com a escola por e-mail, caso precise de alguma informação? ela te responde os e-mail´s?o cardápio é apresentado aos pais para que eles opinem ou as crianças trazem a comidinha de casa?

3-Qual a metodologia pedagógica que eles utilizam? Montessori, Waldorf ou Construtivista? eles "impõem" religião ou a comemoração de datas religiosas que não tem nada a ver com sua familia(os evangélicos, por exemplo, não comemoram o Círio de Nazaré, os Adventistas não participam de nenhuma atividade aos sábados, se na escola houver)? essa última pergunta tive que colocar, para abrir a questão da obrigatoriedade de participação, pois claro, tenho interesse particular nisso.

4-Logistica sua: A escola é perto/longe de casa? quanto tempo eu levo pra chegar lá?tem alguém próximo que numa emergência, possa verificar o ocorrido? A maioria das escolas já utilizam um formulário que você indica com quem a criança entra e sai da escola, e eles só deixam sair se for com aquela pessoa especifica, fora isso, só autorizando na agenda do aluno, em casos MUITO específicos também.

Então, até final de Novembro estarei com estas questões...E porque isso? se fosse por mim, ela entraria numa escola só com 4 anos mesmo (eu mesma entrei só com 6, minha mãe é professora primária e me alfabetizou em casa, minha irmã com cinco foi para o "prézinho" e eu lembro que adorava mais o lugar aonde ela estava-colorido, com brincadeiras, danças, músicas-do que a minha sala), mas noto que Sara já fica emburrada quando fica muito tempo dentro de casa, adooora ver outras crianças perto, quer interagir, quer explorar outros ambientes, fica super feliz só de dar uma passeadinha na esquina e ver o movimento da rua. Eu sei que cada criança tem seu tempo, e por isso mesmo, acredito que ela vem apresentando sinais de querer voar...rasteirinho ainda, mas só isso é o suficiente pra mim.

E a quem interessar possa: Não,eu não estou querendo "me livrar" da minha filha, até porque isso é impossível de acontecer!! Mas se ela mesma já me diz como quer trilhar seu caminho, quem sou eu pra impedir??  Vou pôr "umas" lagriminhas fora (kkkkkk) ? Vou, com toda certeza. Mas nunca mais vou poder ser egoísta. E nunca vou poder ser acusada de não dar oportunidades para ela. 

O aprendizado e obstáculos que ela vai ter e como ela vai superá-los, será graças á capacidade dela e ajuda de Deus.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Que fazes de teu filho? - Por Jobis Estêvão

retirado de http://www.intensiterno.com.br/




"Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do filho confiado a vossa guarda? (Cap. XIV, item 9 ESE)"

Dos compromissos que tens diante da ensancha de viveres na Terra, o trabalho da educação dos teus filhos é dos mais significativos. Constituindo-se em portentosa missão para os padrões do mundo, o labor da paternidade e da maternidade é daqueles que te poderá elevar a altos céus de ventura ou arrojar-te em bueiros de sombras de remorsos indizíveis. O mundo, com todas as suas constituições, instituições e costumes, vezes sem conta, tem-te feito chafurdar em valas de agonia, pelas dúvidas cruéis que te costumam assaltar no que se refere ao conduzimento dos filhos. Deverá deixá-los fazer o que queiram, a fim de que te vejam como moderno e agradável? Será melhor que os orientes para o que devem, de modo que te sintam como responsável e amigo com o passar dos dias, ainda que hoje se rebelem, considerando-te um estraga prazer. Deverás liberá-los para os vícios e licenças sociais, em nome do livre-arbítrio deles? Será melhor que os conduzas para a compreensão do valor do corpo carnal como instrumento de progresso, bem como para o fato de que toda liberdade real só tem sentido quando se assenta nos códigos da responsabilidade, mesmo que hoje te achem antiquado ou cafona. Deverás liberá-los para a iniciação sexual dos enamoramentos infantis, que lhes poderão trazer insolúveis problemas? Melhor seria que dialogasses com teus filhos, falando-lhes da seriedade da relação afetiva de dois seres, e que mesmo diante da permissividade atual, na área da sexualidade como em tantas outras áreas, o sexo só tem valor ético e traz verdadeiras alegrias para a alma, à medida que quem o maneja tenha crescido psicológica e moralmente, a fim de que a sua prática não se converta numa ilhota de prazer pelo prazer, ocultando seus frutos, muitas vezes, nas fossas do abortamento, deixando profundas lesões emocionais, espirituais e mesmo físicas.

Não te entristeças se, por enquanto, te lançarem a pecha de ultrapassado. Deverás deixá-los à margem da tua fé, aguardando que possam optar sobre o que desejam seguir, quando ainda sejam crianças? Melhor seria que compreendesses que a criança não está em condições para fazer escolhas e análises filosóficas, cabendo aos pais esse capítulo da sua orientação. Por outro lado, se deixas teus filhos sem os cuidados oriundos da tua crença, facilmente eles assimilarão, por influência do atavismo, as conveniências e acomodações mundanas, deixando sempre para mais tarde o envolvimento com o Cristo, o que se lhes converterá em sérios desastres, entendendo-se que a grande leva de almas terrestres para aqui vêm, em razão das suas necessidades de recomposição intelectual e moral, em função dos comprometimentos com o equívoco.

Não te perturbes com a atitude dos que pensam diferente e, assim, queiram injetar-te suas idéias de fundo comodista, com laivos de aberrante materialismo. Vale que medites sobre o que fazes de teus filhos. Na certeza de que, em verdade, não te pertencem, será super válido que lhes ponhas na consciência os mapas da honestidade, da lealdade, da amizade. Será importantíssimo que lhes apontes os rumos da fraternidade, da solidariedade, nas obras de Deus. Imprescindível que lhes orientes para o respeito a si mesmos, para o respeito aos semelhantes, cooperando com o Criador para o erguimento do Reino do Bem no mundo.

Dialoga com teus filhos com lúcida argumentação, ouvindo o que têm a dizer-te com tranquilidade e compreensão, fazendo-os sentir que o nosso percurso humano é por demais meteórico e deveremos aproveitar o mundo para aprender e empreender o melhor, porque, como cidadãos do Universo, os lares da imensidão nos aguardam e todos nós, pais, filhos e irmãos na Terra, em realidade, somos todos irmãos, em Deus, na marcha determinada para a felicidade.

(De "Revelações da Luz", de J. Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo).

Lendo este texto eu me recordei do primeiro presente que recebi depois de parida, o único que não era para minha bebê, o único que me tocou a alma, e que me fez "cair a ficha" de que eu tinha uma enorme responsabilidade à frente...eu fiquei num estado que não podia ler a estória, colocada em uma moldura e lindamente ilustrada, que eu chorava, pensando:  e agora, meu Deus? será que vou ser digna? será que vou conseguir orientar minha filha pelos caminhos, tanto os tortuosos quanto os alegres, de maneira que ela consiga sempre se reerguer e mais tarde poder orientar seu filhos também???

só o tempo vai me dizer... trancrevo o texto que recebi abaixo, embora creio que muitas já devam ter visto pela net:

"Uma criança pronta para nascer perguntou a Deus:
- Dizem-me que estarei sendo enviado à Terra amanhã… Como eu vou viver lá, sendo assim pequeno e indefeso?

E Deus disse:
- Entre muitos anjos, eu escolhi um especial para você. Estará lhe esperando e tomará conta de você.

Criança:
- Mas diga-me: aqui no Céu eu não faço nada a não ser cantar e sorrir, o que é suficiente para que eu seja feliz. Serei feliz lá?

Deus:
- Seu anjo cantará e sorrirá para você… A cada dia, a cada instante, você sentirá o amor do seu anjo e será feliz.


Criança:
- Como poderei entender quando falarem comigo, se eu não conheço a língua que as pessoas falam?

Deus:
- Com muita paciência e carinho, seu anjo lhe ensinará a falar.


Criança:
- E o que farei quando eu quiser Te falar?

Deus:
- Seu anjo juntará suas mãos e lhe ensinará a rezar.


Criança:
- Eu ouvi que na Terra há homens maus. Quem me protegerá?

Deus:
- Seu anjo lhe defenderá, mesmo que signifique arriscar sua própria vida.


Criança:
- Mas eu serei sempre triste, porque eu não te verei mais!

Deus:
- Seu anjo sempre lhe falará sobre Mim, lhe ensinará a maneira de vir a Mim, e Eu estarei sempre dentro de você.


Nesse momento, havia muita paz no Céu...mas as vozes da Terra já podiam ser ouvidas. A criança, apressada, pediu suavemente:
- Oh Deus, se eu estiver a ponto de ir agora, diga-me por favor, qual é o nome do meu anjo?


E Deus respondeu :
- Você chamará seu anjo de … MÃE!"

terça-feira, 1 de novembro de 2011

1ª Slingada em Belém


Sara, 5 meses, Páscoa de 2010.


Em comemoração à Semana Internacional de incentivo ao Sling, com o apoio da Associação Nacional de Carregadores de Bebês - Babywearing Brasil e patrocínio da Slings Barrigando, aconteceu no último 16 de Outubro, na Praça da República, a “1º Slingada Belém”, coordenada pela artesã e estudante de Direito da UNAMA Loyda Macedo, que reuniu vários pais e mães que utilizam o Sling como forma de manter o bebê mais próximo de quem o carrega, imitando os braços de um adulto, contribuindo tanto para a diminuição de cólicas, como no auxilio à amamentação. Bebês que são acostumados a estar nele desenvolvem-se mais rapidamente pois a postura em que o bebê fica acomodado é similar àquela em que ele estava no útero materno, propiciando o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico e auxiliando no tratamento da displasia de quadril, doença que geralmente é diagnosticada ao nascer, tornando assim a transição do útero para o engatinhar e andar mais positiva e tranquila, de acordo com o tempo do próprio bebê: “Não sou uma defensora do sling porque fabrico, na verdade eu fabrico porque sou defensora do sling, depois de ter vivido a experiência, passei a achar que toda mamãe e papai merecem passar por isso, então decidi fabricar”, disse Loyda. Em alguns países da Europa e América do Sul, o Sling é peça fundamental no dia-a-dia, inclusive tendo sido inspiração para diversas maternidades, no tratamento de bebês prematuros (Projetos Mãe-canguru).

mais??? veja em : 
Licia Ronzulli, deputada italiana, leva sua filha Vitória para o trabalho

Mamaço, 05 de Junho de 2011: Tayla com Isaque(sling azul) e Loyda e Liz (sling rosa).

Eu s Sara(1a11m), na manhã da Slingada Belém.

 
Sim!! nós aqui já temos uma fabricante que segue as normas de segurança da BWB na confecção de carregadores de bebês!! ufa! muito diferente dos que eu tenho visto por aqui, com argolas de aluminio chatinhas(e não as verdadeiras, que são mais rolicinhas), e tecidos grossos, tipo a cortina da sua avó, ou ainda, com uns NÒS muito feios no lugar das argolas, coisa de quem quer ver seu bebê cair no chão e depois pôr a culpa no "sling" comprado a "três porradas"( ou seja, de qualquer tecido, de qualquer jeito de argola). Loyda é uma amiga muito querida que conheci no grupo de gestantes de que participei, o que de certa forma a incentivou a trazer um pouco de conforto para nossas crianças! foi uma reunião agradável de pessoas com muito em comum, o que me deu a sensação de não estar fazendo nada por obrigação, muito pelo contrário!! A novidade ficou por conta do Wrap sling feito com o tecido furadinho, geralmente utilizado para fazer slings de praia, super bem acabado nas costuras, e que foi totalmente aprovado (estou com ele na foto), tanto que nem senti que Sara estava no meu colo, foi colocar e amar!! Parabéns, Loyda, pelo carinho,entusiasmo e cuidado com que você confecciona nossas "redinhas" mais do que especiais!! que Deus permita, ano que vem tenhamos mais uma slingada pra comemorar!!! :)
 
algumas fotinhas da slingada:
 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Despedida de Puérpera (ou "e agora, José?")


No último dia 02/10, minha filha completou 1a11m...faltando um mês para ela deixar de ser chamada de "nenén" e ser chamada de "menina", vou aproveitar o Cirio de Nazaré e lavar a alma e o coração de muitas coisas que eu tenho vivido, questionado e aprendido desde que ela nasceu. vou aproveitar para "respirar" um pouco, no sentido de "tentar"me sentir eu sozinha de novo, "tentar" descansar dessa roda viva de hormônios que me balançaram por tanto tempo e jogar fora tudo o que for imprestável da minha mente, do meu quarto, da minha casa, da minha vida. vou fazer uma faxina geral, igual á que eu fiz pouco antes da 38ªsemana de gestação...



Aos poucos, nos últimos meses, estou "tomando conta" de mim, de novo...um dia uma manicure, outro uma aparada nas mechas, outro uma comprinha de roupas novas, outro um passeio com o maridão só nós dois, fazer um exame de sangue, um check up geral...Não sei até que ponto isso influencia na minha forma de estar com minha filha, mas ás vezes, "pescando peixe" no ônibus, lembro de coisas que fazemos no dia-a-dia, e durante o trajeto quase sinto seu corpinho no meu colo, ela me abraçando, fazendo carinho, incrivel...será que posso tomar isso como saudade???

No sábado, "tentando" praticar um pouco de desapego, lavei o carrinho, a banheira e um cercadinho que ficaram da doce época de bebê da Sara, para repassar a uma colega de trabalho, que espera uma menina para Novembro...gente, chorei tanto!!!...enquanto eu lavava, meu coração ficava cada vez mais apertado, apertado, chega doía...não sei se era saudade (ou vontade de guardar aquilo pra sempre) ou eu finalmente estava encarando a "dor" de saber que minha filha estava crescendo e de eu não estar preparada para isso...EU ainda não cortei o cordão umbilical, eu sei...eu rememorava, tiquinho por tiquinho, de tudo que vivi desde a bolsa rota daquela madrugada para o dia de finados, era inconsciente, parece que um filme passava pela minha cabeça...e eu não conseguia segurar...no fim, uma prece, uma sensação de agradecimento, uma canção nos lábios, para lembrar que TUDO é transformação, que os sentimentos podem ser grandes professores ou algozes, depende do que VOCÊ queira fazer.



Nestes quase dois anos, EU APRENDI muito. Garanto que quero tudo de novo, mas dessa vez, sei que terei mais tranquilidade, terei meus passos mais firmes e não ficarei brigando tanto comigo mesma, que não farei nada de ouvidos e olhos fechados, e principalmente, não perderei de vista MEUS próprios principios, em detrimento dos principios que os outros acham que eu deva ter. NINGUÈM é perfeito, ninguém é "menasmãe" ou "menaspai", quem teve parto cesárea, teve, quem teve parto natural, teve, vidas diferentes, "razões sociais" diferentes...

Não quero mais ter medo, nem que me digam pra ter medo, o que eu menos preciso HOJE, é de gente me dizendo "você não vai conseguir, você não é elegivel, você vai ter problemas com tal e tal coisa, vai acontecer isso e isso e isso" sem ter a real necessidade para isso. Para mim soa como "amaldiçoar" alguém, sabe? detesto "videntes" de plantão!! não quero mais "esperar" mais nada de ninguém. Eu vou fazer por mim, por ela, pelo meu esposo, para que minha casa seja nossa fortaleza, nosso recanto de descanso e entendimento.

Tenho uma amiga que me disse: "Ei, você só vai parar de ter saudade da Sara pequenina quando você tiver outro bebê". Eu sei disso. Não pela questão de ter um outro filho, mas pela questão de renovação de que eu falei a pouco. Eu preciso aprender, agora, a me renovar...e eu só consigo pensar nisso, através dos olhos dos meus filhos...


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Encucações de mãe * ...

Da lista Best Baby




ORDEM DE NASCIMENTO DOS FILHOS...
O 1º filho é de vidro...
O 2º é de borracha...
O 3º é de aço.

PLANEJAMENTO
O 1º filho é (em geral) desejado
O 2º é planejado
O 3ºé escorregado. ..

A ORDEM DE NASCIMENTO DAS CRIANÇAS
1º- Irmão mais velho têm um álbum de fotografia completo, um relato minucioso do dia que vieram ao mundo, fios de cabelo e dentes de leite guardados.
2º - O segundo mal consegue achar fotos do primeiro aniversário.
3º- Os terceiros, não fazem ideia das circunstâncias em que chegaram à família

O QUE VESTIR
1º bebê - Você começa a usar roupas de grávidas assim que o exame dá positivo.
2º bebê - Você usa as roupas normais o máximo que puder.
3º bebê - As roupas para grávidas são suas roupas normais, porque você já deixou de ter um corpinho de sereia e passou a ter um de baleia.

PREPARAÇÃO PARA O NASCIMENTO
1º bebê - Você faz exercícios de respiração religiosamente.
2º bebê - Você não se preocupa com os exercícios de respiração, afinal lembra que, na última vez, eles não funcionaram.
3º bebê - Você pede para tomar a peridural no 8º mês pq se lembra que dói demais.

O GUARDA-ROUPAS
1º bebê - Você lava as roupas que ganha para o bebê, arruma de acordo com as cores e dobra delicadamente dentro da gaveta.
2º bebê - Você vê se as roupas do primeiro bebê estão limpas e só descarta aquelas com manchas escuras.
3º bebê - Meninos podem usar rosa, né? Afinal o seu marido é liberal e tem certeza que o filho vai ser macho igual ao pai!

PREOCUPAÇÕES
1º bebê - Ao menor resmungo do bebê, você corre para pegá-lo no colo.
2º bebê - Você pega o bebê no colo quando seus gritos ameaçam acordar o irmão mais velho..
3º bebê - Você ensina o mais velho a dar corda no móbile do berço ou manda o marido ir até o quarto das criança.

A CHUPETA
1º bebê - Se a chupeta cair no chão, você guarda até que possa chegar em casa e fervê-la..
2º bebê - Se a chupeta cair no chão, você a lava com o suco do bebê.
3º bebê - Se a chupeta cair no chão, você passa na sua camiseta, dá uma lambida, passa na sua camisa desta vez para dar uma secadinha pra não pegar sapinho no nenê, e dá novamente ao bebê, porque o que não mata, fortalece (vitamina S, de sujeira, off course!)

TROCA DE FRALDAS
1º bebê - Você troca as fraldas a cada duas ou três horas, se necessário.
2º bebê - Você troca as fraldas a cada cinco ou seis horas, se necessário.
3º bebê - Você tenta trocar a fralda somente quando as outras crianças começam a reclamar do mau cheiro.

BANHO
1º bebê - A água é filtrada e fervida e sua temperatura medida por termômetro.
2º bebê - A água é da torneira e a temperatura é fresquinha.
3º bebê - É enfiado diretamente embaixo do chuveiro na temperatura que vier, porque você, seu marido e seus pais foram criados assim, e ninguém morreu de frio.

ATIVIDADES
1º bebê - Você leva seu filho para as aulas de musica para bebês, teatro, contação de história, natação, judô, etc...
2º bebê - Você leva seu filho para a escola e olhe lá...
3º bebê - Você leva seu filho para o supermercado, padaria, manicure,e o seu marido que se vire para levá-lo à escola e ao campo de futebol...

SAÍDAS
1º bebê - A primeira vez que sai sem o seu filho, liga cinco vezes para casa da sua mãe (sua sogra não pode ficar com a criança porque na sua cabeça, ela nunca foi mãe), para saber se ele está bem.
2º bebê - Quando você está abrindo a porta para sair sozinha, lembra de deixar o número de celular pra empregada.
3º bebê - Você manda a empregada ligar só se ver sangue.

EM CASA
1º bebê - Você passa boa parte do dia só olhando para o bebê.
2º bebê - Você passa um tempo olhando as crianças só para ter certeza que o mais velho não está apertando, mordendo, beliscando,batendo ou brincando de superman com o bebê, amarrando uma sacola do carrefour no pescoço dele e jogando ele de cima do beliche.
3º bebê - Você passa todo o tempo se escondendo das crianças.

ENGOLINDO MOEDAS
1º bebê - Quando o primeiro filho engole uma moeda, você corre para o hospital e pede um raio-x.
2º bebê - Quando o segundo filho engole uma moeda, você fica de olho até ela sair.
3º bebê - Quando o terceiro filho engole uma moeda, você desconta da mesada dele...


* E quem tem mais de três, já faz tudo no automático!!!!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ter ou não ter, eis a (grande) questão...

Que olhar meigo...

Davi e os Golias!!...

cale-se, cale-se,cale-se, você me deixa louuuuccoo!!

Ei!! eu conheço alguém parecido, mas não lembro de onde, né Dani Moura??


o Gato do Facebook

"O policial perguntou para a vitima: - sim, e o Sr. saberia descrever o esquilo que o atacou?"


Eu estou pensando seriamente em levar um cãozinho pra casa. Sério.

Quando eu era pequena, tivemos de tudo: peixe de aquário, periquito, pintinho, galinha, galo, pato, coelho, cachorro, gato. EU preferencialmente me dou melhor com cães do que com gatos, acho que mesmo tomando banho de lingua, sempre fica "um pouco de perfume"(e outras coisinhas mais) entre os fios.Minha irmã morria de medo de pintinho e eu aproveitava para "sapecar" uns nela, e alguns pobres coitados saíram pisoteados nessa estória...Lembro da casa de um tio meu que sempre que eu ia lá com a mamãe, tinha um pavão (ou era peru?) no quintal que sempre me "perseguia" se eu botasse os pés lá, dos filhotinhos de coelho agarrados na mãe (tão pequeninos e rosinhas, sem pêlo nenhum, tipo filhotinho de canguru, sabe?), de uma cachorra de um outro tio meu que até hoje, "se mija" de felicidade toda vez que vai gente na casa e de um papagaio que, de tanto escutar nós chamarmos nossa irmã, acabou gravando o nome dela, e chorava chamando por ela todas as tardes: PAULAAAAAA, paula, paula, PAAAAuulAAAAAA...

Lembro que uma vez eu quis ter um cavalo ou um pônei. perguntei pra minha mãe se a gente podia pedir um na "porta da esperança" pro Silvio Santos, mas me peguei depois com outra preocupação: onde colocar e alimentar um animal destes (e eu só tinha 12 anos)?? lembro que eu achava engraçado ter uma cobra em casa, mas nunca fui de frescurites com os animais, tipo "ai, que barata horrorosa", sabem? osga então, nunca me incomodou, tampouco aranha, besouro, formiga...mas até o dia em que um ratão de rua entrou em casa, depois que uma noite chuvosa que encheu o cano de escoamento que dava para a rua...a cachorra sempre latia para dentro de casa, de madrugada, e eu vendo vultos pelo chão da casa toda noite, comecei a me preocupar...até que uma bela noite, lá estava ele, ratão grandão me olhando no canto da sala, eu peguei a vassoura e dei tanto na cabeça dele que meu braço doia no final...nunca vou me esquecer do nojo que senti!!!

Ai, por estes tempos, vendo Sara interagir mais com a nossa cadela Minie, mas sempre levando a "menos pior" nessa interação ( nossa cadela se restringe a mostrar os dentes e espirrar arfando, se não está a fim de brincar) eu venho pensando: A Minie já é uma "senhora idosa", não está mais a fim de brincar saltitando e dando grunidos e respondendo aos gritinhos de prazer da Sara...seria melhor um cãozinho do mesmo "tamanho e idade"(metaforicamente falando), para ela aprender essas pequenas coisas boas, poder passar a mão no bichinho sem medo de levar uma mordida ou aranhão, poder deixar-se lamber pelo bichinho ou ficar só olhando ele "se descobrir" no mundo também...que aprendizado seria para ela!!! 

Será que aqui tem alguém que alugaria um bichinho para esse fim, a exemplo do que os japoneses / chineses fazem (vi uma reportagem na Record), tipo "alugar" um bichinho só para passear? também não sei se daria certo, afinal a questão emocional envolvida é tão grande, talvez Sara ficasse supertriste em ver o cãozinho ir embora depois...Nós brasileiros somos tão "emocionais"!...

Espero resolver logo essa questão :)

O Parto, a Próstata e...a Vingança.


 Foto: Glauber Rocha, "Uma câmera na mão e um Brasil na cabeça".

"Ela com 19 e eu com 20 anos de idade.
Lua-de-mel, viagens, prestações da casa própria e o primeiro bebê, tudo uma beleza.

Anos oitenta, a moda na época era ter uma filmadora do Paraguai.
Sempre tinha ou tem um vizinho ou mesmo amigo contrabandista disposto a trazer aquela muambinha por um precinho muito bom!

Hora do parto: ela tinha muita vergonha, mas eu teimoso, desejava muito eternizar aquele momento. Invadi a sala de parto com a câmera no ombro e chorei enquanto filmava o parto do meu primeiro filho.

Todo mundo que chegava lá em casa era obrigado a assistir ao filme. Perdi a conta de quantas cópias eu fiz do parto e distribuí entre amigos, parentes e parentes dos amigos.

Meu filho e minha esposa eram o meu orgulho e tesouro.
Três anos se passaram: ai, nova gravidez, novo parto, nova filmagem, nova crise de choro, tudo como antes.

Como ela "categoricamente" me disse que não queria que eu a filmasse dessa vez, sem ela esperar, invadi a sala de parto e mais uma vez com a câmera ao ombro cumpri o mesmo ritual.
As pessoas que me conhecem sabem que em mim havia naquele momento apenas o amor de pai e marido apaixonado nesse ato.

O fato de fazer diversas cópias da fita era apenas uma demonstração de meu orgulho.
Nada que se comparasse ao fato de ela, essa semana, num instinto de vingança, invadir a sala do meu urologista, com a câmera ao ombro, filmando o meu exame de próstata.

Eu lá, com as pernas naquelas malditas perneiras, o cara com um dedo (ele jura que era só um!) quase na minha garganta e minha mulher gritando:
- Ah! Doutoooor! Que maravilha! Vou fazer duas mil cópias dessa fita! Semana que vem estou enviando uma para o senhor!

Meus olhos saindo da órbita fuzilaram aquela cachorra, mas a dor era tanta que eu não conseguia nem falar.
O miserável do médico, pra se exibir, girou o dedão!!! Ah, eu na hora vi o teto a dois centímetros do meu nariz.

E a minha mulher continuou a gritar, como se fosse um diretor de cinema:
-Isso, doutoor! Agora gire de novo, mais devagar dessa vez. Vou dar um close agora...

Na hora, alcancei um sapato no chão e joguei na maldita.
Agora amigos, estou escrevendo este e-mail, pedindo aos amigos, parentes e outro mais que receberem uma cópia do filme, que o enviem de volta para mim.

Eu pago o reembolso."
Luiz Fernando Veríssimo*

*Eu tenho minhas dúvidas de que o autor seja esse mesmo, até porque o Veríssimo não é tão "na cara" assim, o humor dele costuma ser "nas entrelinhas"...mas nada impede que ele tenha tentado um "novo método" nesta vez,não é???então deixemos assim :) mas cá entre nós, será que alguém devolveria o filme???...

Resposta à matéria da Veja - Medicina Baseada em Evidências pela Dra. Melânia Amorim (PhD)

Retirado do guia do bebê: http://guiadobebe.uol.com.br/parto-domiciliar-refletindo-sobre-paradigmas/

Parto domiciliar: refletindo sobre paradigmas

A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro”
(
Ricardo Herbert Jones)

Quando começamos a escrever esta coluna para o Guia do Bebê, em 2010, nosso primeiro artigo abordou um assunto que começava então a despertar o interesse da mídia brasileira: o parto domiciliar (1). Na oportunidade, revisamos as evidências científicas disponíveis e concluímos que o parto domiciliar, uma realidade frequente em outros países, como Holanda, Inglaterra e Canadá, representava uma alternativa segura para as gestantes de baixo risco, resultando em menor taxa de intervenções como episiotomia, analgesia, operação cesariana e parto instrumental (fórceps e vácuo-extrator), sem aumento do risco de complicações para mães e bebês (2-4). Destacamos a publicação, em 2009, de um grande estudo de coorte comparando mais de 500.000 partos domiciliares ou hospitalares planejados em gestantes de baixo risco, no qual não se verificou diferença significativa no risco de morte fetal intraparto, morte neonatal precoce e admissão em unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal (4). 

Interrompendo temporariamente nossa série de artigos sobre Parto Normal vs. Cesárea (5-7), voltamos agora a abordar este tema, que recentemente retoma a atenção da mídia despertando intensa polêmica, depois da publicação de matéria online no site da maior revista de atualidades brasileira, com o título sensacionalista “Parto domiciliar: quando o risco não é necessário” (8). Depois de publicar uma controvertida matéria sobre os milagrosos efeitos de uma medicação antiobesidade (9) que não é aceita pela comunidade científica com esta finalidade (10,11) a revista volta a fazer incursões na área de saúde, mas desta vez em paz com os “conselhos de medicina”, ao alertar que o parto domiciliar estaria expondo mulheres e crianças a “complicações que podem ser graves” (8).

À parte considerações puramente semânticas às quais não iremos nos ater, a matéria presta um desserviço à população com suas afirmações categóricas e sem embasamento científico, em que se confundem mau jornalismo e julgamentos apressados, além de um amontoado de lugares-comuns, como exemplificado no seguinte trecho do primeiro parágrafo: “Depois da revolução pela qual a medicina passou no século 20, hospitais tornaram-se lugares mais seguros e indicados não só para tratamento de doentes, como para o nascimento de crianças. É regra que, dadas as condições, não faz mais sentido realizar um parto dentro casa, sujeito a problemas com consequências potencialmente desastrosas que poderiam ser resolvidas em um hospital. Regra, no entanto, que algumas mulheres moradoras de grandes centros urbanos, com todas as condições de usufruir desses avanços da medicina, questionam e ignoram. Essas mulheres defendem o parto à moda antiga, dentro de casa.”(8)

Ora, quem ditou essa regra que as transgressoras “moradoras de grandes centros urbanos” resolvem agora “questionar e ignorar”, defendendo o “parto à moda antiga”? Por que a revista afirma que hospitais são os “lugares mais seguros e indicados não só para tratamento de doentes, como para o nascimento de crianças”? Por que os representantes de conselhos e sociedades batem tanto na tecla de “riscos eminentes”? Seriam os riscos tão importantes assim ou foi somente um erro de grafia? E finalmente, quais são as reais implicações do artigo publicado por Joseph Wax (12) no “conceituado periódico médico internacional”, o American Journal of Obstetrics and Gynecology (AJOG)? 

Vamos por partes. Primeiro, é fato que houve grandes avanços na Medicina durante o século XX e que, por conta destes avanços, verificou-se notável queda da mortalidade materna e perinatal. Em decorrência da antissepsia e da descoberta de antibióticos, a par da introdução das modernas técnicas anestésicas, tornou-se mais seguro realizar uma cesariana, e é fato inconteste que uma cesariana bem indicada é salvadora (13,14). Transfusão sanguínea, uso de antibióticos, prevenção e tratamento das convulsões com sulfato de magnésio, todas essas tecnologias bem empregadas levaram à redução das mortes maternas por hemorragia, infecção e hipertensão e são estratégias que devem estar facilmente disponíveis nos serviços de saúde para as situações de alto risco (15). No entanto, taxas de cesariana superiores a 15%-20% não resultam em redução das complicações e da mortalidade materna e neonatal e, ao contrário, podem estar associadas a resultados prejudiciais tanto para a mãe como para o concepto (16-18).

Por outro lado, o processo de hospitalização do parto, coincidindo com esses avanços, gerou infelizmente uma elaborada proliferação de ritos e rituais em torno deste evento fisiológico, como alerta Robbie Davis-Floyd em seu instigante livro “Birth as an American Rite of Passage”(19). Esses ritos e rituais adotados pelo modelo tecnocrático de assistência ao parto vigente no mundo ocidental foram introduzidos sem evidências científicas corroborando sua efetividade e vieram como “respostas ao medo exagerado deste processo natural do qual depende a continuidade de nossa existência” (19). Como resultado, intervenções e procedimentos desnecessários como episiotomia (corte no períneo), raspagem dos pelos, lavagem intestinal, uso rotineiro de ocitocina para acelerar o trabalho de parto e cesarianas sem indicação foram progressivamente incorporados à prática médica e ainda seguem sendo realizados como rotina em muitos hospitais brasileiros. De fato, cada parturiente internada em hospital passa a ser vista como “paciente” e submetida, portanto, às “regras” desse hospital para todos os “doentes”(20) . 

Foi contra essa medicalização excessiva de um processo fisiológico que os movimentos de contracultura se voltaram nos anos 1960 e 1970, e foi como consequência da pressão desses movimentos que se começou a estudar a real necessidade, segurança e efetividade de muitos dos procedimentos estabelecidos como rotina na prática obstétrica diária (21). O novo paradigma da “Saúde Baseada em Evidências” , iniciando-se na Medicina e avançando progressivamente para outras áreas que passam a se integrar em uma perspectiva transdisciplinar, tem seus pilares na década de 1970 e 1980 exatamente na Saúde Materno-Infantil (22), como resposta aos questionamentos sobre o complexo emaranhado de rituais desnecessários permeando a assistência obstétrica e neonatal (19-22).

O movimento de retorno ao que se chama “parto à moda antiga” não é novo nem representa um modismo, e tampouco pretende abdicar do que a tecnologia tem de positivo e atraente, uma vez que intervenções necessárias são bem vindas. Todos os sistemas de saúde que facultam a opção de partos domiciliares como alternativa para as mulheres que assim o desejam contam com sistemas de classificação de risco e disponibilizam não apenas parteiras treinadas como um bom sistema de transferência e transporte, embora não seja verdade que uma ambulância ou UTI móvel fique à porta desses domicílios (2-4). A Organização Mundial de Saúde reconhece como profissionais habilitados para prestar assistência ao parto tanto médicos como enfermeiras-obstetras e parteiras (23) e recomenda que as mulheres podem escolher ter seus partos em casa se elas têm gestações de baixo-risco, recebem o nível apropriado de cuidado e formulam planos de contingência para transferência para uma unidade de saúde devidamente equipada se surgem problemas durante o parto (24,25). Por sua vez, a Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras (FIGO) recomenda que "uma mulher deve dar à luz num local onde se sinta segura, e no nível mais periférico onde a assistência adequada for viável e segura” (26). Tanto o American College of Nurse Midwives(27) como a American Public Health Association(28), o Royal College of Midwives (RCM) e o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG) apoiam o parto domiciliar para mulheres com gestações não complicadas. De acordo com a diretriz do RCM e do RCOG, “não há motivos para que o parto domiciliar não seja oferecido a mulheres de baixo risco, uma vez que pode conferir consideráveis benefícios para estas e suas famílias” (29).

O que há de novo nos últimos anos é que o tema passou a ter maior visibilidade no Brasil, não somente com a divulgação dos partos domiciliares de algumas celebridades, mas principalmente com o constante debate nas redes sociais, permitindo que as mulheres compartilhassem suas experiências de parto, domiciliar ou hospitalar, e pudessem compará-las. Tornou-se bastante evidente que havia uma parcela crescente de mulheres insatisfeitas com o atual modelo de assistência obstétrica em nosso país, excessivamente tecnocrático e caracterizado por um lado pelas taxas de cesárea inaceitavelmente elevadas no setor privado e, por outro, pelos partos traumáticos e com excesso de intervenções no Sistema Público de Saúde. Apesar da política de Humanização da Assistência ao Parto e Nascimento preconizada pelo Ministério da Saúde no Brasil (30), é fato que o modelo atual, hospitalocêntrico e medicalocêntrico, não permite ainda à maior parte das usuárias ter uma assistência ao parto humanizada e segura. Vivemos ainda em um país onde, "quando não se corta por cima, se corta por baixo", como bem definem Diniz e Chachan, referindo-se às cesáreas e episiotomias desnecessárias (31). 

Para completar, uma em cada quatro mulheres brasileiras internadas para assistência ao parto em hospitais públicos ou privados relata ter sofrido violência institucional, traduzida por qualquer forma de agressão perpetrada pelos profissionais de saúde que lhe prestam atendimento. Essas agressões não envolvem apenas o uso de procedimentos, técnicas e exames dolorosos e desnecessários, mas até “ironias, gritos e tratamentos grosseiros com viés discriminatório quanto a classe social ou cor da pele” (32). A violência institucional durante o parto pode assumir múltiplas facetas e representa um problema internacionalmente reconhecido (33). Em diversos hospitais ainda não se permite a presença do acompanhante, mesmo com a Lei 11.108 estabelecendo a obrigatoriedade de tanto hospitais públicos como privados permitirem a presença, junto à parturiente, de um acompanhante durante todo o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato (34).

Em contrapartida, com o crescente acesso à informação e a divulgação da realidade nua e crua do modelo de assistência obstétrica vigente no Brasil, diversas mulheres desejando uma assistência humanizada e segura para os seus partos puderam identificar outros modelos possíveis, já implementados e funcionando a contento em outros países, além de tomar conhecimento das evidências científicas comprovando efetividade e segurança dessas alternativas. Um exemplo é o modelo de assistência obstétrica conduzida por obstetrizes ou parteiras, cujos benefícios foram amplamente demonstrados em uma revisão sistemática da Biblioteca Cochrane: aqui nos referimos àquelas profissionais que fazem curso superior de Obstetrícia, as midwives em língua inglesa, sage-femmes na literatura francesa ou ainda comadronas em espanhol (35).

Essas mulheres, empoderadas e confiantes, não apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos e outros países em que ainda predomina o modelo tecnocrático de assistência ao parto, começaram a buscar profissionais, médicos, enfermeiras-obstetras ou parteiras, que se dispusessem a auxiliá-las nesta jornada rumo a um parto respeitoso, humanizado e seguro. Essas mulheres se deram conta de que parir em suas residências era uma alternativa possível e não apenas luxo, modismo ou excentricidade de famosas. Essas mulheres pesquisaram, leram e estudaram as evidências, e conseguiram encontrar como parceiros os profissionais que também vinham trilhando sua própria jornada transformadora(36), profissionais que se respaldavam no novo e desafiante paradigma da Saúde Baseada em Evidências e buscavam, portanto, modelos de assistência ao parto que funcionassem sob esta perspectiva ecológica e sustentável (37).

Desta forma, verificou-se um aumento do número de partos domiciliares assistidos no Brasil e nos EUA (38-40) e, embora não disponhamos ainda de estatísticas confiáveis sobre o percentual de partos domiciliares planejados em nosso país, sabe-se que nas grandes cidades equipes transdisciplinares vêm se formando e atuando para prestar assistência a esses partos. Depoimentos de mulheres até então anônimas estão disponíveis em blogs e redes sociais. Grupos e comunidades sobre Parto Domiciliar discutem abertamente este tema. Twitter, Orkut e Facebook permitiram a milhares de mulheres trocar informações e partilhar experiências. O tema é palpitante, a discussão está no ar e, como se trata de remar contra a corrente, não é de se admirar que o establishment médico reaja e conselhos e entidades de classe comecem a se manifestar, em geral com posição contrária à prática. Esta reação era previsível, assim transcorrem as revoluções científicas, assim se procedem as mudanças de paradigma: o modelo atual, embora falido e não sustentável em longo prazo, permite ainda a muitos profissionais soluções cômodas a que estes se aferram, de dentro de sua zona de conforto, como a praticidade e a conveniência de programar cesarianas eletivas sem indicação médica definida. Curiosamente, são estes os mesmos profissionais que defendem o "direito" da mulher de escolher sua via de parto, embora aparentemente este direito tenha mão única, só valha para a minoria de mulheres que desejam uma cesariana (6) e não inclua aquelas que desejam um parto normal nem tampouco se estenda para a decisão sobre o local de parto. A voz das mulheres e o seu direito de escolha têm sido grandemente ignorados (39,41).

Não é, portanto, surpreendente a publicação de uma matéria sobre este tema na citada revista de atualidades. Infelizmente, como sói acontecer com as matérias de interesse à saúde publicadas na referida revista, esta é tendenciosa, parcial e não considera ou interpreta equivocadamente as evidências científicas pertinentes. O próprio posicionamento do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) é apresentado de forma incorreta, porque em sua última diretriz esta sociedade, conquanto explicite que considera hospitais e centros de parto normal mais seguros, reconhece o DIREITO das mulheres de escolher o local do parto. Citando literalmente o resumo da diretriz, publicada em fevereiro de 2011: “Embora o Comitê de Prática Obstétrica acredite que os hospitais e centros de parto normal sejam os locais mais seguros para o nascimento, ele respeita o direito de uma mulher de tomar uma decisão medicamente informada sobre o parto. Mulheres questionando sobre o parto domiciliar planejado deveriam ser informadas sobre os seus riscos e benefícios baseados nas recentes evidências. Especificamente, elas deveriam ser informadas que embora o risco absoluto possa ser baixo, o parto domiciliar planejado está associado com um risco duas a três vezes maior de morte neonatal quando comparado com o parto hospitalar planejado. É importante que as mulheres devam ser informadas que a adequada seleção de candidatas para o parto domiciliar; a disponibilidade de enfermeiras-obstetras ou parteiras certificadas, ou médicos atuando dentro de um sistema de saúde integrado e regulado; o pronto acesso à consulta; e a garantia de transporte seguro e rápido para os hospitais mais próximos são críticos para reduzir as taxas de mortalidade perinatal e obter desfechos favoráveis do parto domiciliar.” (42)

Interessante é que há cerca de seis meses, outra revista de atualidades, esta internacional, publicou matéria sobre o parto domiciliar: no número de 31 de março de 2011, “The Economist” aborda o tema em uma bela reportagem, exemplo de bom jornalismo. Com o título “Não há nenhum lugar como o lar?” e o subtítulo “O lugar onde as mulheres dão à luz é um assunto controverso no mundo rico”, a matéria prima pelo senso crítico, pelo rigor investigativo e pela isenção, apresentando prós e contras e discutindo o mesmo estudo citado pela revista brasileira, porém com destaque às críticas que este suscitou na comunidade científica. Ao final, em vez de fazer terrorismo contra o parto domiciliar e decretar qual o melhor local de parto para todas as mulheres, uma reflexão importante: “Como em muitos outros aspectos da criação dos filhos, o nascimento ao final irá depender da escolha dos pais – se preferem as luzes brilhantes e a abundância de métodos analgésicos de um hospital ou os confortos familiares do lar.”(43)

Em relação ao estudo citado como evidência dos riscos dos partos domiciliares, no qual o ACOG se apoia para desaconselhar o parto domiciliar, trata-se de uma revisão sistemática com metanálise (12) que tem sido extremamente criticada dentro da comunidade científica, por diversos vieses e erros metodológicos e estatísticos (44-49). Não se trata de um estudo original nem tampouco inclui ensaios clínicos randomizados, apenas estudos observacionais que foram mal interpretados e incluídos ou excluídos arbitrariamente pelos autores nas análises dos desfechos considerados de interesse (49). Esta metanálise tem sido amplamente divulgada como "prova" dos riscos perinatais decorrentes de partos domiciliares e constitui a base para as recomendações do ACOG em relação às informações que devem ser apresentadas como o “estado da arte” das atuais pesquisas sobre parto domiciliar (50). Portanto, iremos discuti-la com maiores detalhes, apresentando uma síntese dos seus resultados e das críticas já publicadas nas revistas científicas internacionais, motivando até mesmo a publicação de uma errata reconhecendo erros na análise estatística(51).

A revisão sistemática de Wax e colaboradores foi apresentada inicialmente no 30º. Encontro Anual da Sociedade de Medicina Materno-Infantil de Chicago em fevereiro de 2010, publicada online no American Journal of Obstetrics and Gynecology em julho de 2010 e na versão impressa em setembro do mesmo ano (12). A metanálise incluiu 12 estudos originais e um total de 342.056 partos domiciliares e 207.551 partos hospitalares planejados. No resumo do artigo, os autores concluem que os partos domiciliares planejados se associam com menor risco de intervenções maternas, incluindo analgesia peridural, monitoração eletrônica fetal, episiotomia, parto operatório, além de menor frequência de lacerações, hemorragia e infecções. Dentre os desfechos neonatais dos partos domiciliares planejados, verificou-se menor taxa de prematuridade, baixo peso ao nascer e necessidade de ventilação assistida. No entanto, apesar de as taxas de mortalidade perinatal serem semelhantes entre partos domiciliares e partos hospitalares, os partos domiciliares se associaram com aumento de cerca de três vezes das taxas de mortalidade neonatal. 

O artigo em questão gerou intensa polêmica na comunidade científica internacional, seguindo-se diversas cartas publicadas em sequência no próprio AJOG (44,46,47,52), das quais uma tem o provocativo título “Parto domiciliar triplica a taxa de morte neonatal: comunicação pública ou má ciência?” (45). Diante de todas as críticas, o AJOG resolveu investigar o estudo em questão, e a revisão pós-publicação de fato encontrou erros na análise original, embora não tenha alterado suas conclusões (51). A própria Nature se interessou pela questão, porém mesmo solicitando diversas vezes que tanto Wax como o ACOG comentassem os problemas apontados por vários especialistas, estes declinaram o convite (53). A Elsevier, editora que publica a revista, reconhece os erros, mas não acredita que estes possam motivar uma retratação (54).

Tentando resumir a enorme quantidade de críticas feitas à metanálise de Wax, podemos afirmar que, à diferença das revisões sistemáticas da Cochrane, esta não seguiu as diretrizes estabelecidas internacionalmente para condução e publicação de metanálise, como o PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) (55) ou o MOOSE (Meta-Analyses and Systematic Reviews of Observational Studies)(56). Diversos erros estatísticos foram cometidos, até porque os autores utilizaram uma calculadora para a metanálise que apresenta vários problemas, resultando em Odds Ratio e intervalos de confiança incorretos, o que foi reconhecido pelo próprio autor do programa (49). No entanto, o principal erro enviesando a análise não foi estatístico, e sim um viés de seleção dos estudos, porque os autores da metanálise excluíram o grande estudo de coorte holandês (4) do cálculo do risco de morte neonatal, embora o tenham incluído no cálculo do risco de morte perinatal. Na verdade, os dados da metanálise são contraditórios em relação à morte neonatal e perinatal basicamente porque os autores definiram morte perinatal como morte fetal depois de 20 semanas ou a morte de um recém-nascido vivo nos primeiros 28 dias de vida, em vez de nos primeiros sete dias de vida, como é a recomendação internacional! (57) Por outro lado, outros estudos usados para calcular o risco de morte neonatal foram incorretamente incluídos e outros que poderiam ter sido incluídos para o cálculo de morte perinatal foram excluídos, por razões que não ficam bem claras. Os dados utilizados para o cálculo de morte neonatal incluíram partos que não tinham sido assistidos por parteiras ou enfermeiras-obstetras certificadas, o que já se demonstrou ser fator importante para redução dos riscos (49). Mesmo revisando os dados e apresentando os gráficos em uma publicação ulterior na revista com os novos números calculados corretamente (51), isto não resolve os sérios problemas metodológicos pertinentes à definição de termos e critérios de inclusão e exclusão (49).

Em suma, como refere Keirse em seu brilhante artigo publicado na Birth em Dezembro de 2010 (“Home Birth: Gone Away, Gone Astray, and Here To Stay”) “combinar estudos de parto domiciliar e hospitalar, sem diferenciar o que está dentro deles, onde eles estão e o que os circunda, é semelhante a produzir uma salada de frutas com batatas, abacaxi e salsão”. (48)

O debate em torno do parto domiciliar, não apenas no Brasil mas em todo o mundo, tem se tornado extremamente polarizado e politizado (48), de forma que nós não esperamos que essas críticas resolvam a polêmica. De fato, pode ser difícil gerar recomendações fortes com base em evidências fracas, oriundas de estudos observacionais, mas o mínimo que profissionais e sociedades deveriam reconhecer é que também não dispomos de evidências fortes corroborando a segurança do parto hospitalar para parturientes de baixo risco e seus neonatos. O desenho de estudo ideal para avaliar uma prática ou intervenção é um ensaio clínico randomizado, e metanálises de estudos observacionais, mesmo quando bem conduzidas e sem erros grosseiros como os encontrados na metanálise de Wax e colaboradores, não têm o mesmo poder das revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados, como aquelas incluídas na Biblioteca Cochrane.
No entanto, randomizar mulheres para parto domiciliar ou hospitalar é virtualmente impossível: de acordo com Keirse, essas mulheres para quem “tanto faz” parir em casa como no hospital seriam tão raras quanto elefantes brancos (48), mas mesmo que estas mulheres fossem encontradas, dificilmente as conclusões de um ensaio clínico randomizado com esta amostra poderiam ser extrapoladas para mulheres diferentes em situações e contextos clínicos diferentes. Mulheres que DESEJAM ter seus bebês em casa diferem substancialmente daquelas que escolhem um parto hospitalar, da mesma forma que os profissionais que prestam assistência a partos domiciliares ou exclusivamente a partos hospitalares também são bastante diferentes entre si (48). 

Dentro do novo paradigma da Pesquisa Translacional, entretanto, em se considerando a implementação de soluções na “vida real”, dentro de uma perspectiva de sustentabilidade e em um modelo de atenção centrado no usuário, é forçoso reconhecer que outros estudos além dos ensaios clínicos randomizados são necessários, o que desafia a hierarquia tradicional da qualidade dos estudos (58). Em um ambiente acadêmico tradicionalmente dominado pelos ensaios clínicos randomizados, desponta a importância de outras abordagens tipológicas não hierárquicas (59). Identificar necessidades, aceitabilidade, efetividade e desenvolver soluções sustentáveis, eis o desafio da pesquisa em Saúde para o século XXI.

Na prática, devemos considerar que tanto gestantes como profissionais de saúde têm sempre o mesmo e primaz objetivo de garantir uma experiência de parto satisfatória, com mãe e bebê saudáveis. Por outro lado, é um direito reprodutivo básico para as mulheres poder escolher como e onde irão dar à luz (60,61). Essa escolha deve ser informada pelas melhores evidências correntemente disponíveis, e essas evidências sugerem, sem se considerar a metanálise equivocada de Wax, que o parto domiciliar é uma opção segura para as parturientes de baixo risco atendidas por profissionais qualificados. Como vantagens em relação ao parto hospitalar se destacam a menor frequência de intervenções para a mãe e o conforto e a satisfação das usuárias, que vivenciam uma experiência única e transformadora em seu próprio lar (37,39,40) As taxas de mortalidade perinatal e neonatal são semelhantes àquelas observadas em partos hospitalares de baixo risco (2-4). No entanto, a decisão final deve se basear tanto nas evidências como nas características e expectativas das gestantes, bem como na experiência e qualificação dos prestadores e nas facilidades de acesso aos serviços de saúde (25,26,28,29).

Mais importante do que criticar as mulheres que escolhem ter um parto domiciliar e condená-las por estarem transgredindo uma “regra” imaginária é discutir e implementar estratégias para aumentar a segurança e a satisfação das usuárias em TODOS os partos (48). Isto inclui tanto melhorar e humanizar a atenção hospitalar no sentido de que os partos assistidos em maternidades ou centros de parto normal possam representar uma experiência gratificante para as mulheres, como estabelecer diretrizes para a seleção adequada das candidatas ao parto domiciliar.