quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Primeiro ano letivo.

Nunca esqueci meus primeiros anos letivos.Talvez porque de certa forma, me marcaram muito.Eu sempre tive personalidade forte e não me encaixava direito no que os educadores acreditavam ser uma criança de 6,7 anos "normal", acho eu...

A diretora achou por bem (até hoje eu não sei de quem) colocar-me direto para a primeira série.Não participei de classe pré-escolar e naquele tempo não tinham os babys, maternais e jardins nas escolas. Era somente o "pré" e pronto! depois de um ano brincando, você já estava automaticamente inserido no mundo das crianças maiores.

Então, minha classe eram das crianças maiores que eu. creio que até já deviam ter seus 8,11 anos. Eu me sentia uma formiguinha, não conseguia me enturmar direito, todo mundo me achava criança demais, acho. Minha primeira professora: Maria da Conceição Raiol. Adorava ela, mas o ambiente da sala não. Eu não gostava muito das meninas maiores, não entendia direito porque elas ficavam sempre agarradas nos meninos, e eu querendo brincar de pira esconde, pique, estátua, cemitério.... Eu gostava de brincar com os meninos, porque eles não queriam nem saber quem eu era. "vamos brincar? vamos!" era isso que me importava! Um belo dia, devo ter feito algo muito horrivel, não lembro, sai gritando da sala, que não queria estar ali, queria minha mãe, que não queria voltar para a sala de jeito nenhum. Fui pra diretoria algumas vezes, lá me davam um caderno para escrever cem vezes o que eu não devia fazer, até minha mãe chegar, ou então ficava chorando até cansar. numa dessas ocasiões, fui convidada a descer da primeira série que ficava no pavimento do primeiro andar, para uma primeira série que ficava no térreo.

Lá eu cheguei chorando horrores e fiquei assim por um bom tempo, até que minha nova professora,"Lurdinha"(era assim que as crianças a chamavam) começou a cantar as músicas de criança que todo mundo conhece: "meu lanchinho", "o sapo", "está na hora de merendar", e uma sobre o rei davi (que depois me lembro, ter cantado na primeira comunhão também). Aos poucos, fui acalmando e começando a cantar com a turma (que a essa altura já estava cantando a plenos pulmões), e fiquei feliz.

No final daquele ano, quando me disseram que eu voltaria para a outra série, eu lembro de ter escrito um bilhetinho para a diretora e ter pedido para minha mãe entregar. A minha mãe até hoje não sabe como eu escrevi aquilo, mas ela me disse que a diretora ficou muito assombrada em ver como uma criança da minha idade (7,8 anos) já conseguia passar para o papel tantos pensamentos e argumentos daquele jeito. Eu só lembro que era algo sobre não querer mais ir para aquela escola e assim foi feito. Eu devo ter ficado até o meio do outro ano, depois não fui mais, por conta própria.

Minha mãe não me obrigou a ir, muito pelo contrário, graças a Deus.

Revivi tudo isso este ano de 2012, já que Sara iniciou sua "aventura escolar".

Houveram as mudanças de professoras (duas vezes), apareceu a questão do desfralde, que me rendeu sofrimento e dor de cabeça sobre como Sara trataria essa fase, que senti ter sido um pouquinho sofrida para ela (e ainda estamos trabalhando o desfralde noturno), das brigas com os coleguinhas (para logo depois ficarem aos beijos, abraços e brincadeiras), dos pesadelos no meio da noite porque um coleguinha mais chegado de repente teve uma atitude que ela não esperava e ela se sentiu magoada demais pra revidar, da conversa com a professora e a diretora (lá fui eu de novo, kkkkk), do aniversário da Sara festejado em sala de aula, da (minha) dor (ou meu medo de ela se sentir sozinha?) em saber que as únicas meninas da turma, coleguinhas dela, ficarão em periodo diferente na escola (uma vai para o jardim I, que só tem pela manhã, outra ficará pela manhã, no maternal e Sara à tarde, no maternal).

Como explicar a ela, ano que vem, que ela não as verá mais, quando ela me perguntar das colegas, que estará ansiosamente esperando para rever, chegando pela porta vermelha??

Na festinha de encerramento da escola, chego em frente á um painel, feito pelos próprios alunos, que fala assim: "a afetividade é a chave da construção da árvore da amizade"...e de repente, começa a tocar uma música japonesa suave e doce e meus olhos se enchem de lágrimas... e passa pela minha mente as várias imagens que guardei, das três meninas brincando juntas e rindo ou conversando de mãos dadas, andando pela escola, e pensando que só eu sei que isso não vai acontecer ano que vem...ou pelo menos, até 2014, quando todas as três estarão novamente no mesmo horário.

Eu prezo muito por essas amizades. As que nascem pequeninas, crescem e deixam raizes profundas. As que, com o passar do tempo, trocam as flores e dão frutos, as que quanto mais o tempo passa, mais se complementam...eu vi isso nessas meninas, e queria muito que elas ficassem com uma lembrança desse primeiro ano maravihoso: dei de presente, para cada uma, uma moldura com a foto que tiramos durante a festa do colégio:


As Professoras também ganharam, cada uma, sua moldura e foto. Um presente muito bom, para elas lembrarem sempre das peraltices das alunas. No último dia de aula, na hora da despedida, a professora dava um demorado abraço em cada criança...Sara ganhou o dela e...

depois de alguns segundos, descobri que a professora também estava em lágrimas...
;)

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