sexta-feira, 19 de junho de 2015

Mãe também tem medo!






As crianças não têm medo. Acho incrível essa capacidade delas de "se jogar" nas situações, sem pensar, sem ter "crise de consciência"- se vai ou não, se pode ou não pode, se tentar vai machucar ou não. Agora entendo minha mãe quando ela me dizia que "eu me jogava demais na frente das coisas", "que eu não media as situações"...na verdade, eu media sim, mas eu nunca me preocupei em ter uma meta "xis" com o que fazia. Fazia por gosto, por necessidade, porque ninguém fazia, ou porque as situações me revoltavam.

Sagitário é muito justiceiro. Eu reconheço em mim essa "qualidade". Eu quebro a cara, mas faço como aprendi na vida: por mais que todo mundo diga que você errou, o seu "grilo falante" interior é a sua medida de aceite ou não.  E se você se pune ou se ama, depende do resultado da sua conversa com seu grilo.

Mas ai, veio a maternidade, e você começa a ter medo pelos outros, por tudo, por nada. Você fica meio á mercê do "e se..."ou faz e vê o que acontece.

Então que dia desses, minha filha, esposo e eu fomos a um parque de diversões, que ela já vinha pedindo há tempos pra ir. E eu, dando oportunidade para que ela e o pai fossem em todos os brinquedos, até porque fazia tempo que ele também não aproveitava uma boa diversão com a filha, sem ser joguinhos de Dora aventureira no joistick ou filmes no DVD. decidi que aquela tarde seria só deles. Mas eu me pegava, de vez em quando, olhando para a roda gigante, e não sabia direito porque estar perto dela me causava uma sensação de eu estar "me saindo" de ir até ela...

E aconteceu de minha filha querer ir, pela enésima vez, na bendita roda gigante. O pai vira pra mim e diz que agora era a minha vez. Eu entrei na "cestinha" e já na primeira volta, subindo, senti meu rosto pegar fogo! pensei: "minha pressão foi pro beleléu", tentei me acalmar e não vomitar, porque tinha "alguém" do meu lado, e eu não podia fazer cara de assutada, para que ela não ficasse "com trauma" de roda gigante, que nem a mãe dela.

Minha filha começou a pegar no meu rosto e dizer que estava tudo bem, que estava tudo bem, e começou a rir...de mim!!!

Eu me dei conta que estava de olhos fechados, dizendo "ai meu deus,ai meu deus,ai meu deus" e com pequena dificuldade de respirar, apesar de, ao mesmo tempo, lembrar que eu tinha que abrir os olhos e olhar para o horizonte, respirando fundo, como minha mãe tinha me ensinado... mas já era tarde demais!! aquela pessoinha ali do meu lado estava EXTASIADA com o fato de ter descoberto que "a mamãe estava com medo do brinquedo", e ela só ria e dizia "calma mamãe, calma" e ria de novo!!   E quanto mais eu falava, ela olhava para mim e ria! caramba! Senti como se tivesse revelado um segredo secretíssimo da maternidade, algo tão "exclusivo e profundo" que me deixava morrendo de vergonha na frente da minha filha de recém completados cinco anos... porque a gente aprende desde pequena que mãe não chora, mãe é forte, mãe sabe de tudo, mãe é corajosa...e como um simples brinquedo colocou toda a minha "discreta fortaleza" por água abaixo!?

O passeio terminou e ela não parava de contar a aventura dela com a mamãe no "brinquedo grande que roda"...gostou tanto que contou pra professora, para a(s) avó(s), para o avô, para as tias, primos e coleguinhas....

Pronto: foi-se minha imagem de "toda poderosa",kkkkkk.

Mas por outro lado, meu "grilo falante" chegou comigo e me confidenciou: "Que bom que ela saiba que você é um ser humano como ela, que se machuca, tem medos, chora e rí. Que bom que você está aqui para ensinar a ela como lidar com isso, principalmente, a rir dessas coisas, porque virão tempos ruins, e ela vai precisar saber como ver o outro lado das situações".

Suspirei e sorri.

A vida ensina, e a consciência, guia.