Matéria ostensivamente sensacionalista e (que deve ter custado uma fortuna pra fazer) muito mal conduzida, uma vez que não tem os dois lados da estória para haver debate e "discussão" sobre o assunto. EU sou contra esse tipo de coisa. EU não quero ninguém me maltratando com palavras, gestos ou intervenções absolutamente dispensáveis no meu parto...fico pensando nas muitas mulheres que "dão á luz" (a palavra é PARIR mesmo, mas eu vou respeitar as leitoras que ainda ficam sem jeito com ela) nesse nosso interior do Pará e até mesmo tão pertinho da gente aqui mesmo na capital, ouvindo, lendo esse monte de abobrinhas.
Porque ninguém fala das infecções hospitalares que acometem os neonatos e as parturientes em tantos hospitais "de renome" nesse país, mas que são acobertados por "cordões assassinos" e "pouco liquido", principais "causas" das muitas cesáreas feitas (mais de 85%)?
Este mês mesmo tive uma noticia supertriste: minha dentista faleceu no dia 21 passado. Ela estava grávida, tinha 38 anos e segundo a GO, a gravidez era de risco. Não sei o motivo do "de risco". Três dias antes, ela teve contrações e pariu, lindamente, por via Vaginal (VIVA!!!), viu o bebê e dormiu. No dia seguinte, foi acometida por uma pancreatite (informações da atendente dela no consultório), depois pegou uma infecção hospitalar que agravou o caso. Òbito. tristeza pelo bebê, pela familia, por ela. uma pessoa cheia de vida e que, parecia ter, no minimo, 22 anos, nos deixou. Eu pensei: poxa, pelo menos, eles tem o bebê para lembrar dela, sua sementinha nessa vida... mas eu preferia mil vezes vê-la em casa do que naquele hospital.
Eu estou sendo acometida de uma crise de verborragia: não aguento mais me calar. Escutar qualquer pessoa se meter no parto dos outros me dá arrepios. Eu prefiro sair de perto. Dou as dicas de sites e livros, mas não me meto mais. A estrada de tijolos amarelos não é tão reta assim, tem muitos percalços. então eu posto aqui o que a revista Veja publicou sobre o Parto domiciliar e a respectiva resposta, para quem interessar e poder tirar suas próprias conclusões, afinal a gente sempre aprende mais quando o assunto nos interessa, né(nada de decorebas, kkkkkkk)?
Parto Domiciliar: Quando o risco não é necessário.
A prática não é recomendada por conselhos de medicina, já que mulheres e crianças estão expostas a complicações que podem ser graves.
O parto domiciliar já foi a opção mais segura para as mulheres. Na Europa de até meados do século 19, somente as mães muito pobres tinham filhos nos hospitais, bem diferentes dos que conhecemos hoje. Os médicos de então não conheciam conceitos — nem a importância — de procedimentos como a assepsia e era comum que manipulassem enfermos graves, cadáveres e logo depois realizassem um parto. A roupa de cama não era sequer trocada. Nessas condições, os índices de mortalidade em geral e também dos recém-nascidos eram altíssimos. Esse tempo, porém, pertence a um passado distante. Depois da revolução pela qual a medicina passou no século 20, hospitais tornaram-se lugares mais seguros e indicados não só para tratamento de doentes, como para o nascimento de crianças. É regra que, dadas as condições, não faz mais sentido realizar um parto dentro casa, sujeito a problemas com consequências potencialmente desastrosas que poderiam ser resolvidas em um hospital. Regra, no entanto, que algumas mulheres moradoras de grandes centros urbanos, com todas as condições de usufruir desses avanços da medicina, questionam e ignoram. Essas mulheres defendem o parto à moda antiga, dentro de casa.
O que a grande maioria dos especialistas argumentam é que, hoje, quando há complicações, médicos neonatais e obstetras têm instrumentos e procedimentos à mão para garantir a boa saúde de mãe e filho. "Mesmo se o parto domiciliar começa e caminha bem, uma intercorrência pode acontecer a qualquer minuto, nunca há 100% de garantia. Se acontecer algo com o bebê no último segundo do parto, ele precisará ser socorrido rapidamente", diz José Fernando Maia Vinagre, corregedor e coordenador da Comissão de Parto Normal do Conselho Federal de Medicina (CFM). Todas essas vantagens desaparecem se mãe e filho estão em casa, e principalmente, longe de um hospital. Em casos de emergência, a distância da casa da parturiente ao hospital pode ser decisiva para a vida de ambos. "Como há riscos envolvidos, que costumam ser baixos, mas iminentes, o CFM não dá aval a essa prática", diz Vinagre.
No Brasil, o parto domiciliar não é recomendado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), por causa do risco desnecessário à mulher e ao bebê. "Com toda a estrutura disponível, considero o parto em casa um retrocesso. A bandeira que precisa ser levantada é a da garantia de hospitais de ponta, cada vez mais preparados para atender à gestante", diz Vera Fonseca, da Comissão para o Parto Normal do CFM e secretária executiva adjunta da Febrasgo.
Publicada em novembro de 2004, a resolução nº 111 do Cremesp determina que o parto deve ser realizado em uma instituição hospitalar dotada de infraestrutura — o que naturalmente não costuma acontecer nos domicílios. Segundo Silvana Maria Figueiredo Morandini, obstetra conselheira do Cremesp, os médicos que desrespeitam a resolução do Conselho estão agindo de maneira antiética. "Assumir riscos alegando uma medicina humanizada é uma involução. A medicina bem feita vai da relação entre médico, gestante e equipe envolvida. E é desse relacionamento que se dá a humanização do parto", diz.
Dados mais recentes do Ministério da Saúde apontam que em 2009 foram feitos quase dois milhões de partos pela rede pública. Desses, 65% foram partos naturais e apenas pouco mais de 30.000 foram feitos em casa – planejados ou não. De acordo com Eduardo Souza, obstetra e coordenador científico de ginecologia e obstetrícia do Hospital São Luiz, o parto normal tem índices de complicação relativamente baixos. "As chances de complicar são de, em média, 1%. O problema é que uma vez que acontece uma complicação, mulher e criança estão expostas a riscos que podem ser graves", diz.
Riscos — Entre as complicações que podem ocorrer durante o parto normal, colocando a saúde da mulher em perigo, estão: retenção placentária, o que pode levar à hemorragia; ruptura uterina, que pode acontecer durante a gravidez ou logo em seguida ao parto; ruptura de colo; atonia uterina, quando o útero não se contrai de maneira regular, chegando a causar hemorragia; e laceração de partes frágeis do corpo, que podem levar a hematoma anal e na bexiga, por exemplo. Para o bebê, o risco principal é a falta de oxigenação, que pode causar problemas posteriores sérios como paralisia cerebral e outras complicações. Todas essas intercorrências podem ser contornadas a contento em hospitais e centros aparelhados, quando há a presença de profissionais capacitados.
Em um estudo publicado no American Journal of Obstetrics & Gynecology, conceituado periódico médico internacional, o obstetra Joseph Wax e equipe demonstraram que a taxa de mortalidade neonatal dos partos domiciliares é até três vezes maior que a dos realizados em hospitais. Em nota, o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia salienta os dados da pesquisa de Wax para reforçar sua posição em não recomendar o parto domiciliar – em função, mais uma vez, dos riscos.
Para as mulheres que decidem, ainda assim, dar à luz à moda antiga, o Colégio orienta: é necessário um pré-natal bem feito e com acompanhamento adequado, infraestrutura mínima, condições de transporte de urgência e preparo do profissional que vai acompanhar o parto, seja ele uma enfermeira ou um médico. No Brasil, a realização do parto normal pode também ser realizado por enfermeiros com especialização em obstetrícia, conforme previsto na lei nº 7498/1986 e regulamentado pela entidade de classe.
De acordo com Antônio Júlio de Sales Barbosa, obstetra do Hospital Santa Catarina, hoje já é possível que o parto seja feito de formas mais humanizadas dentro dos hospitais. Em alguns centros há salas preparadas especialmente para isso, com treinamento adequado da equipe e maior respeito às necessidades e vontades da gestante. "É ela quem escolhe a posição em que deseja dar à luz ou mesmo se quer ou não tomar anestesia no parto normal. Cada vez mais estamos nos preparando para que a mulher tenha voz ativa."
O parto em casa vale a pena?
Conheça os argumentos das defensoras do parto domiciliar
Conforto
Em casa: Segundo as defensoras do parto domiciliar, existe maior conforto em se dar à luz em casa, onde o ambiente é familiar e é possível ter parentes ao redor.
No hospital: A presença de familiares também é permitida dentro dos hospitais, em número limitado. Em algumas instituições já existem quartos adaptados para o parto. Nesses lugares, a decoração é pensada para que o ambiente se assemelhe a um quarto domiciliar. “Antigamente a única opção era ir para uma sala cirúrgica, dessas que se vê na televisão. Mas hoje já existe o que chamamos de labor delivery room, uma sala própria onde ela fica do início do trabalho de parto até depois de dar à luz”, diz Antonio Julio de Sales Barbosa, obstetra do Hospital Santa Catarina.
Parto
Em casa: Quando dá à luz em casa, a mulher tem total liberdade para escolher a posição em que quer ter seu filho. Como não há limitação estrutural do hospital, ela é livre para decidir entre dentro da água, de cócoras, de lado ou deitada.
No hospital: Quanto mais especializado em parto o hospital, mais infraestrutura ele terá. Isso significa que maternidades, por exemplo, já possuem estrutura suficiente para que a mulher consiga escolher como quer dar à luz. Há desde camas adaptadas para diversas posições, como banheiras em tamanhos adequados para que o obstetra consiga trabalhar.
Infecções
Em casa: Com o parto feito em casa, tanto a mulher quanto o bebê correm menos riscos de infecções hospitalares.
No hospital: Apesar de evitar complicações típicas do ambiente hospitalar, a exemplo das infecções, o parto em casa pode trazer uma série de outras complicações para mãe e bebê. Entre elas estão: retenção placentária, ruptura uterina ou de colo, atonia uterina, laceração de partes frágeis do corpo, além da falta de oxigenação para o bebê.
Medicamento
Em casa: Com o menor uso de medicamentos e de intervenções consideradas desnecessárias, a mulher poderia ainda ter mais controle e uma participação mais ativa no processo do parto, além de ter uma recuperação física mais rápida.
No hospital: “Nada é feito de maneira obrigatória, a mulher toma anestesia somente quando autoriza ou a solicita”, diz Eduardo Souza, obstetra e coordenador científico de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital São Luiz. De acordo com o especialista, a gestante pode ainda optar pela presença de doulas, acompanhantes especializadas em técnicas não-medicamentosas para o controle da dor.
Humanização
Em casa: Longas consultas pré-natais, o acompanhamento integral e exclusivo durante o trabalho de parto (por doulas ou enfermeiras) e todo o conforto da presença de familiares e de técnicas não-medicamentosas para amenizar a dor são o principal chamariz. "Existem protocolos a serem seguidos para que o parto possa ser feito em casa, todos com base em estudos e evidências científicas", diz Kleyde Ventura, vice-presidente da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros (Abenfo).
No hospital: “A medicina bem feita vai da relação entre médico, gestante e equipe envolvida. E é desse relacionamento que se dá a humanização do parto”, diz Silvana Maria Figueiredo Morandini, obstetra conselheira do Cremesp. De acordo com especialistas, a humanização plena de um parto inclui ainda uma preparação para que ele seja feito de maneira segura – e isso inclui o usufruto das estruturas de emergência encontradas dentro do hospital.
*grifos meus.eu contei duas vezes a "falta de oxigenação"...sobre o cordão umbilical, alguém lembrou que é ele que "oxigena" o bebê?...
*grifos meus.eu contei duas vezes a "falta de oxigenação"...sobre o cordão umbilical, alguém lembrou que é ele que "oxigena" o bebê?...
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