sexta-feira, 17 de junho de 2011

Os Quatro Portais - por Jobis Estevão

Da lista PartoNosso. 

Ao nascermos, somos solitárias. A busca pelo outro é uma sucessão de tentativas, nem sempre bem sucedidas. Uma das finalidades do homem é buscar o outro, para tentar se encontrar, primeiro nele, depois através dele.

Na mulher, esse desejo de procura / encontro é mais intenso, porque somos mais emocionais e porque temos em nós o dom da vida. A vida é ânsia de universo corporificando-se dentro pra depois vir à luz. É o
encontro máximo. Acho mesmo que, para termos essa possibilidade, precisaríamos ser diferentes dos homens, pessoas que podem colaborar com a vida, mas não gerá-la. No esperma, o homem é a semente; a mulher é a terra. O sêmen semeia, mas a mulher é quem tece.
Talvez por isso, existam esses portais, experiências do feminino que lhes permitem um contato íntrínsseco com elas mesmas, com o outro e uma consciência mais aprofundada do Universo que as rodeiam, tanto o tangível quanto o impalpável, mas nem por isso menos atuante na terra e nos seres.

O PRIMEIRO PORTAL É O GOZO. Não o sexo propriamente dito, mas o gozo. O limiar que vem justo após o instante em que dois se tornam um e, por uma fração diminuta e quase imperceptível, é-se uma coisa meio sem identidade, mas simplesmente ditosa e plena. Para isso, só técnica não basta. Pode-se ter orgasmos múltiplos e deliciosos só com ela, mas para chegar ao "portal do gozo", é preciso algo mais. Uma ânsia de dar e receber quase irracional; um estado meio alterado de consciência gerado pelos corpos, mas também pelas mentes. Desse portal, poucos falam, mas quem já pisou, não esquece. Além de delicioso, é transformador. Gosto de pensar nesse como o portal da Felicidade. Um momento tão pleno e absoluto de felicidade, muitas vezes abastece uma alma de forças e amor para a vida inteira.

O SEGUNDO PORTAL É O DA GESTAÇÃO. Não apenas carregar, mas gestar. Não necessariamente adorar a princípio, desejar e achar uma maravilha, mas gestar. Gestar é estar dentro. O outro está dentro de você e você está dentro do outro. A medicina está longe de compreender as alterações psíquicas sutilíssimas existentes na mulher que gesta. Pode apontar os efeitos, mas não perscrutar a causa. Nesse portal entra-se devagarinho. Pés inseguros, pois que o chão parece movediço. O quê? Eu? Comigo? Justo eu? Logo eu? Isso é vida? É gente? É instinto? É ânsia de viver microcósmica que encerra um macrocosmos diminuto? O que é isso cujo coração de repente bate, tão rápido e desesperado, como se tivesse pressa de sair? O que é isso que incomoda, mas é tão gostoso? O que é isso que dá azia, vômito, tonteira, vontade de fugir pro Canadá ou pra floresta amazônica? E de repente mexe, e reage à voz, e parece que pensa, e parece que vive? Eu vivo por ele, ou ele vive para mim? Quem é agulha e quem é linha? Quem conduz e quem é conduzido? E mexe, e chuta e, mesmo oculto, vai na minha dianteira, anunciando sua presença através de uma barriga cada dia mais proeminente? Essa vida que não anda, que não fala, que não tem livre-arbítrio, um ser humano reduzido a mais absoluta vulnerabilidade,à condição inerente a néscios e santos, víboras e vtimas? Eu sou Rio,sou São Paulo, sou Tóquio, sou Nova York, sou um ser que gera, um ser que gesta, tão ativo e tão passivo, tão poderoso e tão indefeso diante da vida, tão exultante e tão desesperado.
Chamo esse do portal da deusa e da serva - porque quem gesta é deusa e é serva de uma só vez. Será deusa por ser serva, ou serva por ser deusa? Nosso sexo bebe o dom da vida, e ele se desenvolve em nossos ventres.
Nós somos portadoras de um segredo: de um serzinho que o mundo inteiro não conhece. Nossa mente é fecunda como a dos deuses. Nos achamos capazes de enfrentar borrascas apavorantes, somos fortes e sábias. temos o instinto da terra, a natureza dos oceanos, a influência da Lua e persistência do Sol. E somos servas. Servas de um imponderável que nos controla sem dar satisfações. Serva de ciclos que nosso corpo reflete, e que contemplamos, prostradas, de joelhos, porque, de repente, a coisa toda é assustadora demais para ser dita de qualquer jeito. Somos servas porque não temos o controle. Somos servas porque não temos instrumentos.Somos poderosas e vulneráveis, e talvez nosso poder se amplie na medida em que aceitemos nossa vulnerabilidade, em que acolhamos nossas lágrimas e usemos as dores para alcançar nossas verdades essenciais.

O TERCEIRO PORTAL É O DO PARTO. A dor que vem em ondas e nos leva pra sei lá onde. Cada uma vai para um lugar secreto e imprevisível. Pode nem sempre ser bom, mas sempre é importante. É a deusa-serva e a serva-deusa cruzando os umbrais do infinito. Ela grita porque não dá pra racionalizar tamanha imensidão. Ela geme porque é tão assustador quanto prazeroso. Ela dança porque o corpo tem vontade própria, porque o universo inteiro dança, na concretização da vida que se impõe. Dançam as águas no oceano, os animais nos rituais do acasalamento. No sexo, homens e mulheres dançam, puro instinto, carne e espírito. E no parto, nós dançamos também, Como não poderia deixar de ser. A apoteose da deusa e da serva. o gozo do corpo e a consumação da gestação. O portal da vida e da morte abrindo passagem para o mundo externo através do meio das nossas pernas. A vagina que se lubrifica para a entrada do sêmen, se expande para a saída do broto. A caixa-casulo do útero se abre, a mulher canta e desliza o filho, o bebê, a cria. Um ser que é nosso e é só empréstimo. Um ser que é uma vida inteira e um mar de hipóteses. Uma coisa que é definida na nossa mente, e tem um mar de possibilidades a seus pés. Uma pessoa que muitas vezes veio por nós, que seguramente veio de nós, mas é individual.

E Quando você pensa no processo fisiológico do parto, quando você pensa que cada dor, cada contração, cada fase tem uma finalidade que atende mãe e bebê, percebe que tudo é lindo demais. Após a conotação de sofrimento, pode-se chegar à percepção de glória. Parir é a glória de quem gesta. A consumação suprema do fisiológico pela continuação da espécie, mas também o ato supremo de doação e receptividade ao outro. Penso nesse como o portal do eu no outro. Uma das fases descritas pelos especialistas em puericultura, é a do egoísmo. A criança prioriza a si mesma, porque esse é seu único referencial de bem-estar. Durante a vida, ela apreende outros valores: família, equipe, companheirismo. No gozo, ela conhece o clímax da recepção; na gestação, o ápice da fusão e no parto,o apogeu do companheirismo. Mãe e bebê estão juntos nisso. Ele abre caminho e ela se abre para sua vinda. Ela o chama com a laringe e com a mente, e ele responde, caminhando um pouco a cada vez. E então nasce e, se tudo correr bem, dali por diante, para sempre serão dois e para sempre serão um. Para sempre ela será um universo a parte, que, entretanto, aceitará uma órbita que não a sua. Para sempre ela terá seu coração dividido entre a parte de carne que pulsa em seu peito, e a parte de carne que pulsa no peito do filho. Por isso o "eu no outro".

O QUARTO, É O DA AMAMENTAÇÃO. Quem amamentou de verdade não nega: a coisa é mágica. Em dado momento, você se toca que o que passa pra ele não é só seu leite, aquele líquido às vezes ralo que até pode parecer insuficiente. Tem algo mais. os técnicos detectaram vacinas, anticorpos e uma fórmula individualizada para cada dupla de lactente e lactante. Mas ainda não é tudo. O que se vê olhando nos olhos de uma criança que mama? O que se sente quando o líquido aflui e ela suga? O que se vislumbra quando a mão minúscula com seus cinco dedos que mais lembram estrelas de pontas abertas repousa sobre o seio exposto? O que ela te diz sem dizer? O que você fala sem abrir a boca? O que acontece quando a sucção amaina, quando os membros se tornam lassos e a respiração faz-se lenta? O que acontece quando um silêncio sublime os envolve, e os únicos sons autorizados são da sucção de um bebê com as respirações de mãe e filho cadenciadas, apesar de em ritmos diferentes?
É muito mais que vacinas, anticorpos e uma fórmula única. Esse é o portal do sublime. É o portal sem muita comparação retórica. É o portal em que as perguntas dizem tudo, e nem precisam ser respondidas. É o portal em que o místico tem sua aparição máxima, por revelar-se na mais absoluta simplicidade. Não são precisos rituais nem votos. Apenas a disposição de viver o momento e a coragem necessária de entrar nele.

Depois dos quatro portais, voltamos à terra firme. Ao dia-a-dia,arroz com feijão, pão na mesa, manteiga na geladeira, óleo esquentando, lotação de metrô, fila interminável de banco, contas pra pagar, dor de cabeça, unha encravada, mau-humor repentino, crise de identidade, tratamento odontológico. .. Mas nada, jamais, nunca mais, será como antes. Por esses quatro portais, chegou-se o mais perto do céu que uma pessoa pode chegar, continuando viva e ativa depois. A marca é um comprometimento, a humildade da serva e a força da deusa. Agora, não apenas estamos no Universo, mas o Universo também está em nós...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Os 10 Mandamentos das Maternas - Por Anna Gallafrio

Da lista de discussão PartoNosso:



1. Não terás outras deusas além de ti mesma.
2. Não fugirás de teus medos.
3. Honra teu pai e tua mãe, perdoando os erros e aceitando teu nascimento.
4. Não desistirás de teu PN diante da sociedade cesarista.
5. Não revelarás tua DPP verdadeira.
6. Não cobiçarás o parto do teu próximo.
7. Não julgarás a cesarea eletiva do teu próximo.
8. Não dirás falso testemunho aos que procuram o Parto Normal.
9. Não poderás escolher pelo teu próximo, por isso relaxe.
10. Amamentarás como se não houvesse amanhã.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Carta ao Homem de Vidro - Por Alessandra Caetano Gomes



O Caminho de quem toma a pilula vermelha é irreversivel. sabe aquela do filme "Matrix", que Neo engole para finalmente enxergar o que todo mundo sabe, mas também todo mundo fecha os olhos para não ver?

A Questão da Humanização do Parto passa também pela forma com que a gestante é acolhida, pela sociedade, pela equipe que irá apoiá-la, não só a equipe médica, mas o Pai, a Mãe, o Marido. Pessoas queridas tão próximas e por vezes ao mesmo tempo tão distantes dos reais anseios daquela mulher-mãe-guerreira que está nascendo, após a descoberta da gravidez. Uma mulher que pensa em nada mais, a não ser em trazer para a vida, DA MELHOR FORMA POSSIVEL, o ser mais amado que ela sentirá crescer dentro de si por nove meses. Por mais que ela saiba, instintivamente, o que é melhor para seu filho, justamente quem deveria ser o seu apoio, na hora P (de "parto") se volta contra ela, contra a natureza da sua fisiologia, contra sua liberdade de escolha. E na maioria das vezes, essa mulher cede, por desinformação, desrespeito, desatenção, ou por se abater tanto com as reais escolhas que o "sistema" lhe oferece, que desiste. A melhor fase de sua vida, que deveria ser a gravidez, o parto e o pós-parto torna-se uma verdadeira batalha pelo seu ideal de vida, quando a pilula é tomada, ás vezes, nos quarenta e cinco do segundo tempo, com quase 30, 37 semanas de gestação.

E ás vezes até lhe apresentaram á pilula, mas a mulher não faz questão de saber por si mesma "como seria", prefere ouvir a "Deusa Disque" ("diz que" na cesária não tem dor, "diz que" é porque o bebê não sofre...), incorporada por pessoas próximas que nem passaram pela experiência, mas que também "ouviram dizer" que era mais "cômodo, mais limpo" um "parto" assim. Ai eu pergunto, principalmente, para os maridos que fazem questão de dizer que a cesárea foi melhor para suas esposas: melhor como? foi você que teve sua barriga aberta, sentiu as dores e desconfortos do pós operatório, que não conseguiu amamentar seu filho, que chorou horrores ás vezes escondido por um bico fissurado e teve dores musculares por todo o puérpério, pois seu organismo não aguentava a roda-viva de hormônios descontrolados que não foram "utilizados", que seriam melhor aproveitados num parto vaginal, tanto pela mãe quanto pelo bebê, mas foram desperdiçados por uma cesárea?

Foi legal você ouvir, de uma enfermeira que você nunca viu na vida, despreparada pra lidar com pessoas (que paradoxo, hein??) que sua esposa "não gritou pra fazer, porque estava gritando agora?" ou "na hora de abrir as pernas foi fácil, agora tá chorando porque?"

Com a devida autorização, posto aqui as palavras que li na lista de discussão PartoNosso, que tanto me passaram pela cabeça enquanto estava grávida, mas que nunca consegui externar com tamanha gana e vontade de vencer, e que me fizeram relembrar que, mesmo contra todas as adversidades, ainda podemos contar com nossa "força interior" para fazer a mudança acontecer. beijos, Alê, e força na peruca!!!


"Data: Quarta, 1 de Junho de 2011 10:34

Caro Dr.:

Não estou tampouco te criticando. Sei exatamente do teu sofrimento, pois lido com isso há 30 anos. Posso entender claramente sua dor e sua indignação com a dificuldade de conseguir um parto respeitoso e digno. Entretanto, minha intervenção apenas se prende a necessidade de você ultrapassar a fase de lamentação e partir para o ataque. Sim, atacar os pontos que você considera errados na atenção às grávidas. Aqui mesmo nesta lista há DEZENAS de pessoas que pararam de reclamar e arregaçaram as mangas para transformar a realidade dos nascimentos em suas cidades. Ações na prefeitura, nos hospitais, entre os políticos, na sua comunidade, etc...
O que eu considero de mais errado na atenção as grávidas é o desrespeito do médico pela inteligência delas. Os médicos não tratam nem as mulheres e nem os pacientes como "gente grande". Eu sei o que falo porque sinto e senti na pele o autoritarismo paternalista dos médicos, e não digo apenas de médicos obstetras. Os médicos, em sua maioria, odeiam serem questionados, contestados, e até testados.

Eu já falei isso aqui algumas vezes, quando fui numa consulta com o Dr. P, e perguntei sobre como era a questão da ocitosina e epísio durante o parto. Ele me disse autoritariamente que eu não tinha opções, nem escolhas, que receber ou não epísio e ocito eram protocolos hospitalares e não uma opção minha. Que o médico é quem sabia o que era melhor e ponto final. OU seja, eu sou o médico, eu me formei, eu sei e cala a boca! Isso não é um tratamento respeitoso, e sim autoritário e paternalista, e com essas coisas eu me recinto demais! Não suporto figuras autoritárias, do tipo você cala e obedece porque você não tem direito de saber e entender nada. Não gosto de ser tratada como ignorante, nem alienada, quando eu sou uma pessoa que faz parte da minoria que estuda e se informa. Não estou esperando o médico-princípe encantado e sim o médico que me respeite se eu disser não quero epísio, não quero ocitosina, não quero manobra de kristeler, não quero nitrato de prata no meu filho, nem essa vitamina k... Mas como o sr. disse um dia "espero que na hora você esqueça tudo o que sabe"... e acho que isso não vai acontecer, mesmo que eu não tenha forças para brigar.

Eu parti para o ataque sim, Dr.! Quando estava em Rio Preto, eu fui em alguns G.Os e todos eram cesaristas pelo pouco que argumentei com eles. Eu procurei as doulas da região. Uma delas simplesmente me disse que não acompanhava partos porque odiava, porque acompanhou dois e não gostou nenhum pouco. Agora me diga, como eu vou confiar numa doula que não assiste partos porque não gosta? Se eu contrato uma doula é porque preciso dela na hora do parto e não antes ou depois. Procurei outra que jamais me retornou os e-mails que mandei. E uma outra eu descartei porque vi que respondia por processo quando pesquisei sobre ela na internet. Em seguida eu procurei as 3 maternidades de SJRP que atendem o SUS, nenhuma delas respeita o acompanhante de parto, mesmo eu argumentando que existe LEI para isso. Escrevi para dois jornais da região denunciando, não obtive resposta nem de recebimento das denúncias. Recebi orientação para procurar o ministério público, mas decidi ir para a casa da minha mãe, porque o estress estava demais.

Vim para Uberaba, e aqui não tem doulas, perguntei para muitas mulheres sobre os dois hospitais que atendem pelo SUS, e me disseram para fugir de um deles. Conversei com a G.O que atendia no posto. Fui em duas consultas, adorei ela, muito atenciosa, quando conversei sobre parto domiciliar, ela me disse que achava tudo muito bonito, mas que PD é uma forma muito romântica de encarar o parto, e que em Uberaba não existem esses profissionais humanizados e nem métodos humanizados nos hospitais, mas que ela me encaminharia para o Hospital Escola porque lá aceitam acompanhante durante e depois do parto. Pra mim já é alguma coisa. Agora estou sem G.O de novo, porque ela saiu do posto para trabalhar para a UNIMED. Falei com 4 enfermeiras deste mesmo posto sobre parto humanizado. Com elas eu senti que posso contar em alguns aspectos como a puericultura, e a amamentação, mas não com uma doulagem. E essa semana elas irão fazer uma palestra para explicar os tipos de parto que existem, para uma população de nível sócio-econômico extremamente baixo e isso porque eu fui até elas.

Talvez meu dedo esteja nessa ação. Eu estarei lá para colocar sobre o parto humanizado, mas elas ainda não sabem que eu vou jogar essas questões quando abrirem o tempo para perguntas. Procurei fisioterapeuta do posto para aprender os exercícios que me ajudarão a manter meu perí­neo mais forte. Eu não estou parada. Mas estou paralizada sim, financeiramente, e não acho apropriado este local pra dizer o porquê de ter chegado numa situação financeira ruim.

Não posso assumir compromissos que não poderei honrar. Minha ùltima tentativa é o contato que fiz com um grupo de doulas de Uberlândia que alguém aqui da lista me informou... estou esperando resposta. Mas o tempo está passando... Estou gestando há quase 8 meses, e desde que sai da anestesia da ignorância a respeito do que é parto e gravidez, eu sinto que estou em TP. O meu parto. Eu não quis essa gravidez, porque eu não planejei, jamais me vi como mãe de alguém, pensar eu pensava nisso, mas jamais planejei. Quando soube da gravidez assumi a responsabilidade não por culpa, mas por responsabilidade de não ter tomado todas as precauções para não engravidar num momento conturbado da minha vida. Eu amo meu filho Dr. Eu quis dar a ele um PD sim, mas não pude. Então eu fui procurar um PH e não achei. E nao posso encarar um PD desassistido, porque não sou médica, nem profissional da saúde para resolver quaisquer emergências.

Eu sou uma só, no meio de uma multidão aqui nesse lugar, e achava que por aqui existissem profissionais humanizados.. Andei de uma região para outra, onde dou de cara com cesaristas e desumanizados. Eu fiz o que podia e o que posso no limite das possibilidades que se me apresentaram. Eu corro risco de sofrer sim um parto frank, mas não porque eu mereço, eu não mereço não. Mas não vai ser uma epísio ou uma ocitosina que vai definir a mãe que eu sou ou serei. Eu posso muitas coisas, se eu tiver como planejar, se eu não tiver vou dar de cara com muitos obstáculos, e é isso que está acontecendo comigo.

Mulheres vão continuar gritando por cesária, por ignorância mesmo, por aceitarem a cultura paternalista de que médico sabe o que é melhor para elas, como se fossem seus próprios pais, elas não querem ser tratadas como mulheres grandes, elas não querem sentir dor. Só uma minoria louca feito nós aqui, que sabem dos benefícios do PN para gritar por ele. Mas ficar aqui na lista falando pra quem concorda, pra quem sabe é fácil. E eu vomitei tudo que tinha que vomitar mesmo porque estou cansada de saber o que fazer e ver tantos obstáculos, e não me venham dizer que eu não tento, eu tento estou tentando. Mas eu sei também das limitações pelas quais estou passando. E eu não sei porque eu tenho que passar por tudo isso... não era assim que eu queria ou que deveria ser, mas é, eu vou tentar parir com o que posso, sou eu que vou parir, então esperem o meu parto.

De tudo isso que me aconteceu, e vai acontecer com outras, a única coisa que eu sei que o parto do meu filho é o meu parto também. Eu vou para o hospital emponderada pronta pra dizer não a epísio e a ocitosina, mas se eu não conseguir, o que mais vai importar pra mim é o bem estar do meu filho, e a mulher que vai renascer de dentro de mim. Alessandra velha, está morrendo...aquela que nunca se viu como mãe, mas que Deus resolveu dar essa experiência para ela crescer. Eu sou a protetora do meu filho nessa terra, ele é mais importante que a dor que eu sentir, porque vai ser a primeira vez que dor vai ser igual a amor. Não estou com medo não...medo de episio, não, meu medo é que eu sei que por mais que eu queira, as coisas podem sair do controle, e eu vou ter que ter paciência para não ficar me culpando, nem assumindo postura de vítima ou de algoz. Meu parto já começou atrás das minhas orelhas...

Alê, muito cansada de debate, com dor nas costas, e no pé da barriga, mas totalmente consciente da própria capacidade de parir e de ser mulher..."

sábado, 11 de junho de 2011

MEU Mamaço Inesquecivel - 05/06/2011

çJá comentei aqui sobre minha quase-nada-prática forma de amamentar...a estória toda é que eu tive uma cesárea, depois de sete horas e meia de bolsa rota, fui "afoitamente" para a maternidade, e apesar de ter ido a um grupo de gestantes (e participado de uma reunião apenas), nada disso me preparava para o parto em si. Eu esperava que tudo corresse como vemos nas novelas, onde bolsa rota é sinal de um parto rápido. Não digo "parto rápido e dolorido" porque seria impossivel dimensionar uma dor que nunca senti, mas que já tinha ouvido falar que "era igual á dor de dente". Bom, eu já tive dor de dente, daquelas que nem pensar positivo ou pensar em chocolate ajuda, então eu achava que dava conta. Mas eu não tinha contrações (=dor)!!! E na minha cabeça, as dores SEMPRE deveriam vir antes da bolsa romper ou durante o trabalho de parto....a bolsa estava rompida e contrações ZERO(cadê as benditas dores???? eu queria "sofreeeer"!!!!) a reunião que comentei ter assitido no grupo de gestantes falava que o parto de primeiro filho podia ser demorado, do mecanismo que o corpo fazia pra "expulsar" o bebê...mas não falava nada sobre bolsa romper antes das contrações!!!! hoje eu sei, com certeza, depois de ter resolvido voltar ao grupo após o parto, que eu definitivamente tinha "cabulado" essa aula...

Então, com a cesárea, veio meu maior medo: não conseguir amamentar minha cria(meu maior sonho). Eu fui uma das mães que infelizmente tentou, mas talvez , não sei se por falta de convicção nos meus apoiadores, ou por achar que seria mais "cômodo"apenas tirar leite pela bomba, mais o estresse de estar em casa alheia e não conseguir fazer mil coisas ao mesmo tempo(comer,tomar banho, lavar roupinha,dormir) que eram necessáreas, acabaram me desestruturando um pouco(até hoje não sei se o que eu tive foi TPP-tensão pós parida ou esgotamento fisico-mental) e deixei passar...e me arrependo amargamente. Uma vez, observando uma das moças do grupo de gestantes amamentar, eu vi os olhinhos da bebê olhando para ela com aquela mesma expressão com que o gato de botas olhou para o Shreck... e chorei...nunca tinha visto tanto amor, tanto carinho em um olhar, "ao vivo e a cores" como naquele dia.

Assim, como algumas das mães que lá estão, eu abracei uma causa: Apoiar, defender e orientar mães, pais, avós, tios que eu encontrar sobre a importancia da amamentação!!! Associei-me  a uma Ong, a AMAMEN- Associação dos Amigos da Amamentação, que trabalha junto ao Banco de Leite Humano da Santa Casa de Misericórdia do Pará, com postos de coleta nos Hospitais Guadalupe e Beneficiente Portuguesa (hospitais amigos da criança), além da parceria com os Bombeiros da Vida, que se dispôem á prestar apoio ás mães na coleta de leite materno excedente, para os bebês que a Santa Casa abriga em condições de prematuridade ou por apresentar algum impedimento mateno no aleitamento nas primeiras horas de vida.
Em Belém, numa manhã muito bonita e fresca do dia do Meio Ambiente, aproximadamente 30 mães participaram do "Mamaço Nacional" descrito no post anterior. Tivemos primeira capa no Jornal "O Liberal" de segunda feira 06/06/2011, e artigos com  fotos publicados no Jornal "Amazonia" e "O Diário do Pará".       

Foi um dia maravilhoso para mim... depois do evento, de vez em quando eu ia lá na máquina e rodava as fotos de novo....foi muito especial!!!

Link da entrevista com a Cynara, cordenadora do Banco de Leite da Santa Casa:
http://youtu.be/Vc-R5XucUA8

Link do minifilme que fiz com a minha câmera:
http://www.youtube.com/watch?v=Vb8lsfjIKEQ
Aqui, algumas fotos que fiz durante o evento:

Coordenadores da Amamen, Sling Barrigando, Santa Casa de Misericórdia de Belém

Dr. Helio Franco (nosso Secretário de Saúde)Sara e eu.

Sara e Márcio ( com a lacinho dourado)

Loyda e Liz(Sling Barrigando) Tayla e Isaque.

Uma Geral

o Banner e a Vida real

Mamãe e Nenén

Leila da Jade, Michele da Clarice e Paty da Sara.

tentando consertar um balão.